Fruto da demanda por alimento no mundo e da possibilidade do cultivo de terras agricultáveis em larga escala, o agronegócio brasileiro se tornou um setor pródigo em histórias de desbravadores, principalmente gaúchos, que saíram de sua terra natal, nas últimas décadas, rumo às fronteiras do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do País. A SLC Agrícola, fundada por três famílias de imigrantes alemães, em 1945, na cidade gaúcha de Horizontina, na região das Missões, faz parte desse movimento de expansão. A empresa, hoje controlada pelos irmãos Eduardo e Jorge Logemann, terceira geração da família, administra 15 fazendas nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí, nas quais são cultivados 370 mil hectares, entre terras próprias e arrendadas. Os irmãos também controlam a americana John Deere no Brasil, maior fabricante mundial de máquinas agrícolas. A produção da SLC Agrícola, na safra 2014/2015, de 1,42 milhão de toneladas de soja, milho e algodão, rendeu R$ 1,5 bilhão. “No mês passado, iniciamos a semeadura da safra 2015/2016 na mesma área, mas queremos produzir mais”, diz o engenheiro agrônomo Aurélio Pavinato, presidente da SLC. “Para isso, estamos com foco total na gerência operacional das fazendas, em busca de produtividade e sustentabilidade econômica e ambiental.”

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Eficiência na produção: ‘Apostamos na rotação de culturas, no
manejo do solo e na adubação para a máxima eficiência’,
diz Aurélio Pavinato, presidente da SLC

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O discurso de Pavinato seria impossível na década de 1970, época em que o interior do Brasil era um deserto improdutivo. Sem alimento suficiente na mesa, o País importava feijão do México, leite da Europa, carne bovina da Austrália e arroz, das Filipinas. Hoje, o País é um dos principais produtores de commodities agrícolas e um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, com receita de U$S 96,7 bilhões, no ano passado. Por isso, a projeção da Organização das Nações Unidas (ONU) coloca o Brasil como a grande âncora para alimentar a população mundial estimada em nove bilhões de pessoas, dentro de 35 anos. O presidente da SLC afirma que três pilares sustentaram o crescimento da agricultura nacional: o desenvolvimento de tecnologias tropicais; a inserção de commodities, como a soja e o algodão, em uma cadeia internacional; e chuvas, na média, regulares para a maior parte das regiões de grande produção. “A SLC também cresceu dentro desse tripé”, diz o executivo. “Apostamos na rotação de culturas, no manejo do solo e na adubação para a máxima eficiência.”

Com um plano agressivo de aquisição de terras, arrendamentos e parcerias, a área plantada cresceu 63% nas últimas cinco safras. No período 2010/2011 foram cultivados 226 mil hectares de lavouras. Mais terras para lavrar exigiu da empresa foco na eficiência, para que a produção por hectare não caísse. Assim, a produtividade do algodão cresceu 11%, passando de 1,4 quilo de pluma por hectare para os atuais 1,6. No milho de segunda safra, o crescimento foi de 8,6%, saindo de 6,9 mil quilos por hectare para 7,5 mil quilos. E na soja, cuja produção era de 2,9 mil quilos por hectare, o desempenho aumentou 10%, indo a 3,2 mil quilos. “Nossa regra é simples”, diz Pavinato “O ganho de eficiência vem através do aumento da produtividade e do menor custo por saca, posto no porto.” Nos últimos anos, entre 50% e 90% da produção da SLC é exportada, principalmente para os países asiáticos.

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A SLC Agrícola, que nos últimos anos tinha como meta chegar a 700 mil hectares de terras cultivadas na safra 2020/2021, hoje diz que é possível chegar lá, mas o discurso mudou. “É possível aproveitar muitas oportunidades para crescer e se forem sustentáveis, elas vão determinar o avanço dos negócios”, afirma o executivo.

Fotos: Divulgação