Todos nós perdemos na quarta-feira 14, com a morte de Luiz Carlos Miele, uma boa porção do mais inteligente humor. Perdemos parte de uma brasileiríssima informalidade e perdemos muito da universalidade que há num artista quando ele reúne em si diversos talentos – a boemia criativa, sua inspiração inseparável, essa nós e ele já havíamos perdido há tempo, ficou lá na época em que o Brasil era um País mais delicado. Desse Brasil, Miele sentia falta. E sentia mais falta ainda de trabalhar na televisão: “Sinto-me muito deslocado fora da tevê (…) a cada dia espero ser chamado para alguma coisa nova na televisão. Se me telefonarem de alguma emissora perguntando se quero trabalhar, eu responderei: é só me dizer a hora e a roupa”. Miele foi produtor musical, compositor, apresentador, ator, cantor, humorista, enfim “o primeiro showman” profissional do País. O paulista Miele foi encontrado morto por sua mulher, em sua residência no Rio de Janeiro. Estava com 77 anos.