Depois de perder o grau de investimento pela Standard & Poors, o Brasil caminha para o mesmo desfecho, na classificação de uma outra agência de risco: a Fitch, que, na semana passada, também rebaixou o País e várias de suas empresas. Agora, estão todos a apenas um degrau do nível especulativo, que será inevitável se o País não conseguir estabelecer um nível mínimo de diálogo entre seus principais atores políticos.

Na visão de Rafael Guedes, diretor-geral da Fitch no Brasil, um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff tornaria ainda mais negativo o cenário para a classificação de risco do País. Na semana passada, ao travar o rito definido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, tornaram mais complexo o jogo da oposição. E como essa questão só será avaliada pelo pleno do STF em meados de novembro, dificilmente haverá tempo para qualquer ruptura política em 2015.

Na semana em que ganhou esse tempo precioso, o Palácio do Planalto adotou duas linhas de discurso. De um lado, Dilma se pintou para guerra e, num encontro da Central Única dos Trabalhadores, atacou o ‘golpismo dos moralistas sem moral’. De outro, o ministro Edinho Silva foi conciliador. Convidou a oposição ao diálogo e afirmou que o Brasil não pode partir para uma “guerra fratricida”.

Agora, mais do que nunca, é hora de baixar as armas. Depois de um 2015 em que o Produto Interno Bruto encolherá cerca de 3%, os agentes econômicos deveriam pressionar as forças políticas a buscar um caminho de paz. Já ficou mais do que provado que o ‘quanto pior, melhor’, na realidade, só tornou as coisas ainda mais difíceis para todos.