por Débora Bergamasco

Enquanto se discute a liberação de jogos de azar no Brasil, o governo começou a debater medidas para enfrentar perdas com contrabando de eletrônicos e de cigarros. A ideia defendida junto à equipe econômica é a de criar condições internas no Brasil para concorrer com os produtos hoje bem mais baratos vindos ilegalmente de fora, como os cigarros paraguaios, por exemplo, que entram no país pela Ponte da Amizade (foto). Defende-se que esta iniciativa dependeria apenas de uma aprovação do poder Executivo, sem ter que passar pelo Congresso Nacional.

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Palavra de escoteiro
Dilma orientou todos os seus ministros a conversarem com empresários de peso. A missão é mostrar que o Brasil está tentando colocar as contas em ordem e que em breve voltará a crescer. Com isso, espera conter adesão do PIB ao impeachment. Falta combinar com os russos e com as agências de risco.

Simpatia… 
Ao procurar o até então escanteado vice-presidente, Michel Temer, o novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, começou a conversa fazendo afagos para marcar diferença em relação ao seu antecessor, Aloizio Mercadante. “Vim aqui me aconselhar com o senhor”.

…é quase amor
Considerado jeitoso na articulação política, Wagner quis saber o que Temer achava das estratégias governistas de questionar no STF o rito de impeachment proposto pelo presidente Câmara, Eduardo Cunha. Ouviu de Temer: “Acho a estratégia temerária”.

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Juntando os cacos
Ministros do PMDB passaram a semana tentando mapear os votos na Câmara para tentar avaliar o resultado de uma possível apreciação em plenário para a abertura de impeachment. Conclusão: não conseguiriam maioria simples para barrar o início do processo.

Fiado só amanhã
Acostumados a levar calote, o entrave maior se dá porque os parlamentares se negam a “vender fiado” para o governo. Os aliados na Câmara querem pagamento antecipado: primeiro Dilma dá cargos nos segundo e terceiro escalão, só depois eles entregam os votos.

Guerra dos comissionados
A bancada do PT da Câmara discute a criação de uma “assessoria superior”. A ideia é demitir ao menos 15 funcionários da liderança para
abrir espaço a ex-parlamentares que fazem parte da corrente CNB. A medida engessaria a atuação do próximo líder, que deve ser indicado pela corrente adversária.

Varejinho
Entre tantas dores de cabeça ao governo, o rompimento com Eduardo Cunha traz mais uma: sem alguém como o peemedebista para centralizar decisões, os articuladores de Dilma têm que negociar individualmente com cada partido. O trabalho, dizem, é insano.

Calvário de Pizzolato
Consumada a transferência do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para o Brasil, o que deve ocorrer nas próximas semanas, o procurador Vladimir Aras, secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, apresentará às autoridades italianas um pedido de extradição suplementar. Precisa da autorização da Itália para que o fugitivo possa responder à acusação por ter falsificado documentos do irmão morto em 1978, para obter o passaporte italiano. Pizzolato foi denunciado à Justiça Federal por falsidade ideológica pela Procuradoria em Santa Catarina em 2014.

Preparados para o pior
Os ministros do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber e Teori Zavascki, que deram decisões favoráveis ao governo, complicando
os planos dos que torcem pelo impeachment de Dilma Rousseff, ficaram surpresos.
Os magistrados estavam preparados para reações populares muito mais raivosas
contra suas deliberações. Como não vieram, avaliam que o povo compreendeu.

Toma lá dá cá

DEPUTADO PEPE VARGAS (PT-RS)

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ISTOÉ – Por que assinou pedido de investigação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na Conselho de Ética?
VARGAS –
As regras valem para todos. Há suspeitas fortíssimas de que Cunha tem contas não declaradas na Suíça. Cabe ao Conselho investigar se ele mentiu. Onde terá o direito a ampla defesa.


ISTOÉ – O governo tenta para fechar acordo com Cunha, no qual pretende oferecer absolvição em eventual pedido de cassação de mandato. Como se posicionaria?
VARGAS –
Não sei desse acordo. Mas se for comprovado que ele faltou com a verdade na CPI, não vejo como algum parlamentar tomar uma decisão distinta de reconhecer que houve quebra de decoro parlamentar. Não tem como.

Rápidas

Eliseu Padilha (Aviação Civil), saiu da articulação política do governo mas deixou um legado. A distribuição de cargos está sendo toda baseada em suas famosas “pastinhas”, agora sob tutela de Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo).

Ao deixar de despachar no Palácio do Planalto e reassumir seu gabinete na Aviação Civil, Padilha foi pessoalmente até Dilma entregar as tais pastas. Na hora, a presidente pensou tratar-se de um pedido de demissão e as recusou.

As pastas de Padilha são recheadas de informações sobre os parlamentares: cada um dos pedidos de indicações para cargos, a ligação com setores da sociedade e o levantamento com o índice de fidelidade dos congressistas em votações.

A deputada Eliziane Gama (MA) migrou do PPS para a Rede com a sinalização de que seria líder do partido de Marina Silva na Câmara. Para se turbinar na disputa à Prefeitura de São Luís. Perdeu para o ex-petista Alessandro Molon (RJ).

Retrato falado

Lideranças políticas e sociais começam a articular protestos pró-impeachment para 15 de novembro em todo Brasil. A data, ainda em discussão, tem a favor o fato de cair em um domingo, não sendo feriado prolongado. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, participa dessa mobilização. Para ele, sem pressão nas ruas, acordos do governo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), podem, se não melar, ao menos adiar o processo de impeachment.

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Brasileiro…
O Ministério Público do Amapá pediu ao Tribunal de Contas do Pará que avalie a benevolência do governador Waldez Góes (PDT) com a Assembleia Legislativa. Mesmo com as dificuldades dos governos estaduais, até o mês de agosto, segundo a promotoria, Góes transferiu ao Legislativo local R$ 18 milhões a mais do que está previsto no orçamento de 2015.

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… é tão bonzinho
No final de agosto, os parlamentares negaram pedido do STJ para que o chefe do Executivo seja investigado pelo suposto desvio de R$ 68 milhões em empréstimos consignados descontados dos salários dos servidores. Mas supostamente não repassados às financeiras


Colaborou: Marcelo Rocha
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil 


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