No imaginário popular, materiais como o isopor servem apenas para aplicações simples, como nas embalagens ou em atividades escolares. No entanto, o poliestireno expandido (EPS) – nome técnico do isopor – é muito versátil. Sua aplicação na construção civil já se consolidou, tanto no segmento comercial como no residencial, no qual é usado na montagem de lajes ou até como parede estrutural. Nos últimos anos, a lista de possibilidades do EPS agregou novas aplicações, com o desenvolvimento tecnológico. Uma delas é na construção de estradas. A técnica, denominada de Aterro Ultraleve, funciona de forma parecida com um lego gigante: as peças são empilhadas, servindo de “escora estrutural” do terreno, numa etapa anterior à pavimentação. Com a vantagem de possuir um peso menor que o aterro tradicional. O sistema foi desenvolvido na Noruega e chegou ao Brasil pelas mãos da Odebrecht Infraestrutura, que o utilizou nas obras de Trevo do Caxambu, situado no quilômetro 67 da rodovia Engenheiro Constâncio Cintra (SP-360), em Jundiaí, no interior paulista, administrado pela concessionária Rota das Bandeiras, que pertence ao Grupo. Mais que importar a tecnologia, os engenheiros da empreiteira tiveram de desenvolver e validar todas as etapas do processo. “Por se tratar de uma tecnologia pouco difundida no Brasil, precisávamos estudar seus possíveis impactos na obra, além das implicações do ponto de vista contratual”, afirma Mario Cecchi, gerente de engenharia da Odebrecht Infraestrutura. Essa tarefa envolveu não apenas a equipe liderada pelo executivo como também o pessoal da área de qualidade e o setor comercial, num total de 15 profissionais que se debruçaram sobre o tema por seis meses.

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Desenvolvimento: ‘Por se tratar de uma tecnologia inédita no Brasil,
precisávamos estudar seus possíveis impactos na obra’,
diz Mario Cecchi, gerente de engenharia da Odebrecht

O resultado alcançado pela utilização do EPS está sendo festejado pela Odebrecht Infraestrutura. A aplicação da tecnologia garantiu uma economia de 58% de tempo: o trecho em questão foi construído em 76 dias em vez dos 181 dias necessários caso tivesse optado pela solução original do projeto. Com isso, houve a redução de gastos em 31%, em relação à solução apresentada no contrato original. Esse projeto garantiu à unidade do Grupo o primeiro lugar na categoria inovação do Prêmio Destaque Odebrecht, em 2013. O reconhecimento também aconteceu além dos muros da companhia. Nos últimos dois anos, Cecchi e sua equipe fizeram palestras em universidades, além de disseminar o conhecimento em órgãos públicos, como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Até mesmo uma equipe da Odebrecht do Panamá desembarcou em São Paulo para conhecer a solução e sua forma de aplicação. “A grande lição desse processo é que não devemos nos acomodar”, diz o executivo. “É importante sempre buscar novas alternativas.”

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Lego gigante: com o uso do isopor, o trecho da rodovia foi entregue
em 76 dias em vez de 181 dias, caso a Odebrecht tivesse
optado pela solução original do projeto

A sustentabilidade de uma obra não se resume apenas à economia de tempo. Tampouco ao menor desembolso de recursos. O processo está conectado a uma visão mais ampla que engloba desde os usuários da rodovia, passando pelos moradores do entorno e os trabalhadores. “Para nós, fazia sentido procurar um método alternativo de baixo impacto, porque o trecho é vital para o deslocamento de quem vive na região”, afirma Cecchi. “Quanto mais movimentação de máquinas, equipamentos e operários na pista, maiores seriam as possibilidades de interrupção do tráfego.” O cuidado com as melhorias para os cerca de mil trabalhadores envolvidos na obra de duplicação da rodovia foi crucial para o sucesso do projeto. Os banheiros químicos instalados ao longo do trecho de obra, por exemplo, possuem um sistema de cobertura que reduz o calor na parte interna. Além disso, nos canteiros da obra, a água da chuva é armazenada e utilizada para limpeza. Por fim, todos os envolvidos com a obra passam diariamente por treinamentos visando ampliar a segurança. “Hoje, uma estrada é construída de forma bem diferente do que víamos há 20 anos”, diz o engenheiro.

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