O presidente da Record, Luiz Claudio Costa, não gosta de misturar negócios com religião. Mas ergue as mãos para os céus para comemorar o Ibope da novela “Os Dez Mandamentos”, que tem ameaçado a liderança da Globo no horário nobre. Muito mais do que atribuir o sucesso às sete pragas do Egito, ele diz que a Globo se perdeu:

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ISTOÉ – Por que o sucesso de Os Dez Mandamentos?
Luiz Cláudio Costa –
Dez Mandamentos é uma novela épica. Nossa trama não é religiosa, mas ali há uma maneira de falar sobre religião. Não adianta você negar que o livro mais vendido do mundo é a Bíblia. É um best seller. A novela não reproduz a página da Bíblia ao pé da letra. Ela é baseada na Bíblia. Você vê, tem o cara que inventa o peeling. Tem um negócio de trazer graça para o público. Então se você pega um um roteiro de uma trama baseada num texto de sucesso e isso é bem construído. Foi isso que aconteceu com Dez Mandamentos. E, coincidentemente, a nossa sorte foi contar com o azar do outro.

ISTOÉ – Azar da Globo, o sr. quer dizer?
Costa –
A Globo vem apostando em novidades no horário nobre que o publico não tem gostado. Nós acertamos no paralelo e eles erraram. O sucesso de Dez Mandamentos não se deve só aos erros da Globo, mas eles se perderam e não acharam mais o rumo. A nossa novela não se beneficiou apenas do fracasso da Globo. Ela tem todos os méritos, mas as coisas se amplificaram. Tanto o nosso sucesso quanto o fracasso deles.

ISTOÉ – Como o bispo Edir Macedo tem observado o desempenho da Record este ano?
Costa –
Edir Macedo sempre teve essa visão que se pratica hoje . A história a gente constrói com o tempo. A frase é pronta, mas é verdade: o tempo é senhor da verdade. O tempo mostrou que temos uma televisão avançada, moderna. É obvio que não vamos querer ser o perfeito do perfeito, e não vou dizer que a gente não mudou rumo, nem corrigiu rumo. A Record amadureceu. Talvez a gente não tenha conseguido passar essa mensagem com tanta eficiência antes. Mas aprendemos. A gente foi buscar profissionais no mercado. Fizemos parcerias. E isso ajudou a construir o que estamos conquistando hoje.

ISTOÉ – E as interferências da igreja Universal?
Costa –
Edir Macedo é um empresário. Como acionista da Record, ele acompanha, mas não tem ingerência. Faz questão disso. Ele se dedica à religião na igreja. Na televisão, não. É claro que pede uma coisa ou outra, o templo é uma coisa que atrai gente. Chama o pessoal do jornalismo, mas é sempre na linha do “o que vocês acham?”. O que você mais demora para conquistar é credibilidade. Então não podemos jogar fora isso e ele sabe.  

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