Dilma Rousseff disse na ONU, prá todo mundo ouvir, que o Brasil chegou ao limite. Falou em limite econômico. Em limite de gastos. Limite de crédito. E até da arrecadação. Fez uma espécie de mea culpa enterrando, por “razões fiscais” simplesmente, o modelo adotado até aqui. Esqueceu-se, no entanto, de citar que seu governo também chegou ao limite. Principalmente ele! Sem saída, entregou os pontos – ou os postos – à aventura do baixo clero peemedebista e aos caprichos deliberativos de Lula, que orientou a pupila na escolha dos que saiam e dos que entravam na reconfigurada Esplanada dos Ministérios. Dilma transferiu o mandato. De vez! Com o beneplácito de Lula, escanteou o PT de pastas-chaves como a saúde e contemplou alas do Congresso que a ameaçam com o impeachment. Entrou na roda da chantagem, na base do “você me oferece o que eu quero e eu lhe dou o que deseja”. Deu adeus aos princípios republicanos. E não ficou sequer livre de novas garfadas para atender ao apetite desmesurado dos arrivistas de plantão. Dilma virou uma caricatura dela mesma. Concentra esforços e gestão unicamente na busca por sobrevivência. Nada de pacto programático pelo bem geral da Nação e por saídas estruturais concretas. O País e seus graves problemas que fiquem em segundo plano. Desconsiderados. Viraram meros detalhes nas desconexas ações da presidente. Já o balcão de comércio persa para negociar vagas estatais está aberto e barganha sem limites com os parlamentares. Na avaliação do senador e opositor Aécio Neves, Dilma distribui “nacos de poder como em uma feira livre”. É a hora da xepa em Brasília! Do regateio institucionalizado. Quem der mais leva! Vêm para dentro do ministério aqueles que, teoricamente, poderão garantir a permanência da governabilidade ao estilo Dilma, intensificando distorções e golpes de puro interesse partidário. Na reconfiguração do governo acentuam-se por esses dias os sinais de mediocridade da era Dilma. E o fosso de dificuldades no qual se enterra o Brasil só aumenta. Não há mais quem passe incólume, sem prejuízos, às barbeiragens administrativas da mandatária. Seu último compromisso declarado de reduzir pastas foi subjugado pelo objetivo maior de compor “alianças estratégicas”. Dilma perdeu os escrúpulos. Foi triste de ver o loteamento de pastas no novo concerto de forças. O tão propalado “governo de coalizão” virou sinônimo de coação pura e simples. E as pesquisas de opinião refletem o desalento com essa política. Empurram a presidente ladeira abaixo, com o mais alto índice de rejeição já registrado. Nunca antes, na série histórica do Ibope, desde o fim da ditadura militar, alguém amargou uma avaliação de 69% entre ruim e péssimo. Nem mesmo o confisco de Collor ou a hiperinflação de Sarney os levaram a tamanha desaprovação. No campo dos paradigmas negativos, a impopularidade de Dilma beira a unanimidade e parece não ter limites.