02/10/2015 - 20:00
Por Débora Bergamasco
A presidente Dilma começou a fazer consultas em busca de um nome para, sem pressa, substituir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Novamente, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles aparece como opção. Pressionada por petistas, o argumento pela mudança é o de que, até agora, Levy não teria cumprido sua missão de atrair investidores. Também não apresentou receita mágica para recuperar a economia com rapidez. Porém, sem autonomia, nem um santo milagreiro conseguirá vencer a batalha.
Como na 5ª série
As reuniões de coordenação política realizadas às segundas-feiras no Palácio do Planalto são motivo de piada entre participantes. Como não há sobre o que tomar nota, ministros enchem papéis com desenhos e rabiscos. Dilma, quando não está com a palavra, também “viaja”. E, reclamam, essas reuniões acabam até com o domingo da véspera.
Proteção
Quem conversou com o ministro Aloizio Mercadante depois que ele perdeu a Casa Civil e foi para a Educação ouviu discurso pronto: “Me inviabilizei por ter sido um escudo que protegeu Dilma. Sem isso, ela estaria ainda mais desgastada. Cumpri minha missão”.
Perigo detectado
Parlamentares e fundadores mais moderados do PT e do PSDB andam conversando e concordam com uma tese: essa guerra “fratricida” entre os dois partidos pode minar as bases das duas legendas. E levar um “não político” à Presidência em 2018.
‘Otimildos’
O Planalto espera que a reforma ministerial surta efeito por ao menos seis meses. Se conseguir manter a paz política no Congresso e emplacar medidas de correção econômica neste período, o governo acha que será possível recuperar popularidade e sobreviver.
‘Pessimildos’
Em reunião em Brasília, o presidente do PT, Rui Falcão, mostrou ver algo que mais ninguém sabe. Ao ouvir parlamentares preocupados com as eleições municipais, disse: “Não será fácil, mas nem tão ruim quanto imaginam”. Só precisa combinar com o eleitor.
Correio elegante
Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki tem comentado com colegas de toga que ficará difícil condenar alguns réus se as investigações da PF e da PGR continuarem assim. Argumentam que estão ampliando demais o cerco, sem se aprofundar na produção de provas. Só delação não sustenta condenações.
Torniquete
Por falar em delação, a do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, chegou a ser rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Teori achou que a previsão de pena estava branda demais. E pediu à Procuradoria Geral uma punição mais severa.
Bloco do eu sozinho
Os Estados Unidos estão prestes a assinar um mega acordo comercial com outros 11 países. E o Brasil está ficando de fora. A chamada Parceria Transpacífica reunirá numa área de livre comércio 40% do PIB mundial e 805 milhões de habitantes. Estudo da Confederação Nacional da Indústria mostra que esse acerto poderá derrubar 2,7% das exportações nacionais. Enquanto isso, industriais brasileiros pressionam para que o Brasil e o Mercosul acelerem suas negociações comerciais e lancem novas discussões sobre barreiras não-tarifárias, investimentos, serviços, propriedade intelectual e compras governamentais.
Mágoas passadas
Antes de ser demitido do MEC, Renato Janine já convivia com a sombra de Aloizio Mercadante. Além do risco de perder o cargo para o colega – o que de fato aconteceu -, Janine irritou-se com parte da equipe herdada da gestão anterior: foi alertado sobre supostas irregularidades em cursos de Medicina por outro ministro e não por seus próprios auxiliares.
Toma lá dá cá
AFIF domingues (ex MICRO E PEQUENA EMPRESA COTADO PARA DIREÇÃO DO SEBRAE)
ISTOÉ – O projeto “Crescer Sem Medo” chegou ao Senado, mas sob ataque da Fazenda…
Afif – Eu continuarei defendendo. Não vendo o que não compro. Sou do ramo de seguros e convencia as pessoas até que morrer podia ser bom negócio.
ISTOÉ – Não é uma bomba fiscal para o momento de ajuste?
Afif – Bomba de chocolate, porque segura emprego e produção. E com a Empresa Simples de Crédito, qualquer cidadão poderá abrir empresa e emprestar dinheiro para pessoa jurídica.
ISTOÉ – É agiotagem regularizada?
Afif – Só se for para concorrer com a agiotagem hoje regulada pelo BC, que são juros de cartão de crédito a 400%.
Rápidas
* O senador Cristovam Buarque (DF) avisa: “Estou com vontade de sair do PDT, de onde me sinto excluído. Mas ainda não estou atraído por nenhuma outra legenda”. Está desconfortável com a presença dos irmãos Cid e Ciro Gomes no partido.
* Em breve, a militância petista vai receber cartilhas explicando as realizações do governo do PT. Será uma espécie de cursinho de argumentação preparatório para defender a gestão atual. Tanto na mesa de bar, quanto nas eleições municipais.
* Convidado a voltar à base aliada, o PSB continua no morde e assopra. A sigla quer saber quanto a administração federal gasta com salários de servidores efetivos e com cargos de confiança. Os relatórios mostram apenas a soma total.
* O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), tem desfilado pelo estado com um sapato furado na sola. E não se acanha em exibir o rombo. Quando não está batendo perna, lê “O Fim do Poder”, de Moisés Naím. Está adorando.
Retrato falado
Diante da morosidade e burocracia que às vezes o consumidor enfrenta para resolver suas pendências, está sendo costurado um grande pacto nacional para que empresas, especialmente as campeãs em reclamações, possam aderir a um programa de conciliação virtual de conflitos. Até agora, 14 delas já toparam – do setor aéreo ao de telefonia. A secretária nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Juliana Pereira, prevê lançamento para outubro.
Enxoval
Em tempos de crise, pegou mal Dilma ter levado sua filha Paula para evento da ONU, em Nova York. É prerrogativa presidencial prevista em lei que se leve acompanhante nesse tipo de viagem, mas membros da própria equipe governamental acharam que era necessário ter demonstrado austeridade. Chamou atenção a quantidade de sacolas de compras com produtos de bebê.
Estrela vermelha
Uma astróloga contratada para auxiliar a campanha de Dilma em 2010 voltou nesta semana à análise dos astros e seus desígnios ao governo: “Outubro será negro e dezembro, fatídico”, anunciou ela para um petista de SP. Disse que Dilma nem armará árvore de Natal no Alvorada.
Fotos: Ze Carlos Barretta/Folhapress; Adriano Machado/AG. ISTOE; Isaac Amorim/MJ; DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO/AE. Charge: Leo bussadori