Por Débora Bergamasco

A presidente Dilma começou a fazer consultas em busca de um nome para, sem pressa, substituir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Novamente, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles aparece como opção. Pressionada por petistas, o argumento pela mudança é o de que, até agora, Levy não teria cumprido sua missão de atrair investidores. Também não apresentou receita mágica para recuperar a economia com rapidez. Porém, sem autonomia, nem um santo milagreiro conseguirá vencer a batalha.

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Como na 5ª série
As reuniões de coordenação política realizadas às segundas-feiras no Palácio do Planalto são motivo de piada entre participantes. Como não há sobre o que tomar nota, ministros enchem papéis com desenhos e rabiscos. Dilma, quando não está com a palavra, também “viaja”. E, reclamam, essas reuniões acabam até com o domingo da véspera.

Proteção
Quem conversou com o ministro Aloizio Mercadante depois que ele perdeu a Casa Civil e foi para a Educação ouviu discurso pronto: “Me inviabilizei por ter sido um escudo que protegeu Dilma. Sem isso, ela estaria ainda mais desgastada. Cumpri minha missão”.

Perigo detectado 
Parlamentares e fundadores mais moderados do PT e do PSDB andam conversando e concordam com uma tese: essa guerra “fratricida” entre os dois partidos pode minar as bases das duas legendas. E levar um “não político” à Presidência em 2018.

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‘Otimildos’
O Planalto espera que a reforma ministerial surta efeito por ao menos seis meses. Se conseguir manter a paz política no Congresso e emplacar medidas de correção econômica neste período, o governo acha que será possível recuperar popularidade e sobreviver.

‘Pessimildos’
Em reunião em Brasília, o presidente do PT, Rui Falcão, mostrou ver algo que mais ninguém sabe. Ao ouvir parlamentares preocupados com as eleições municipais, disse: “Não será fácil, mas nem tão ruim quanto imaginam”. Só precisa combinar com o eleitor.

Correio elegante
Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki tem comentado com colegas de toga que ficará difícil condenar alguns réus se as investigações da PF e da PGR continuarem assim. Argumentam que estão ampliando demais o cerco, sem se aprofundar na produção de provas. Só delação não sustenta condenações.

Torniquete
Por falar em delação,  a do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, chegou a ser rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Teori achou que a previsão de pena estava branda demais. E pediu à Procuradoria Geral uma punição mais severa.

Bloco do eu sozinho
Os Estados Unidos estão prestes a assinar um mega acordo comercial com outros 11 países. E o Brasil está ficando de fora. A chamada Parceria Transpacífica reunirá numa área de livre comércio 40% do PIB mundial e 805 milhões de habitantes. Estudo da Confederação Nacional da Indústria mostra que esse acerto poderá derrubar 2,7% das exportações nacionais. Enquanto isso, industriais brasileiros pressionam para que o Brasil e o Mercosul acelerem suas negociações comerciais e lancem novas discussões sobre barreiras não-tarifárias, investimentos, serviços, propriedade intelectual e compras governamentais.

Mágoas passadas
Antes de ser demitido do MEC, Renato Janine já convivia com a sombra de Aloizio Mercadante. Além do risco de perder o cargo para o colega – o que de fato aconteceu -, Janine irritou-se com parte da equipe herdada da gestão anterior: foi alertado sobre supostas irregularidades em cursos de Medicina por outro ministro e não por seus próprios auxiliares.

Toma lá dá cá

AFIF domingues (ex MICRO E PEQUENA EMPRESA COTADO PARA DIREÇÃO DO SEBRAE)

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ISTOÉ – O projeto “Crescer Sem Medo” chegou ao Senado, mas sob ataque da Fazenda…
Afif –
Eu continuarei defendendo. Não vendo o que não compro. Sou do ramo de seguros e convencia as pessoas até que morrer podia ser bom negócio.

ISTOÉ – Não é uma bomba fiscal para o momento de ajuste?
Afif –
Bomba de chocolate, porque segura emprego e produção. E com a Empresa Simples de Crédito, qualquer cidadão poderá abrir empresa e emprestar dinheiro para pessoa jurídica.

ISTOÉ – É agiotagem regularizada?
Afif –
Só se for para concorrer com a agiotagem hoje regulada pelo BC, que são juros de cartão de crédito a 400%.

Rápidas

* O senador Cristovam Buarque (DF) avisa: “Estou com vontade de sair do PDT, de onde me sinto excluído. Mas ainda não estou atraído por nenhuma outra legenda”. Está desconfortável com a presença dos irmãos Cid e Ciro Gomes no partido.

* Em breve, a militância petista vai receber cartilhas explicando as realizações do governo do PT. Será uma espécie de cursinho de argumentação preparatório para defender a gestão atual. Tanto na mesa de bar, quanto nas eleições municipais.

* Convidado a voltar à base aliada, o PSB continua no morde e assopra. A sigla quer saber quanto a administração federal gasta com salários de servidores efetivos e com cargos de confiança. Os relatórios mostram apenas a soma total.

* O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), tem desfilado pelo estado com um sapato furado na sola. E não se acanha em exibir o rombo. Quando não está batendo perna, lê “O Fim do Poder”, de Moisés Naím. Está adorando.

Retrato falado
Diante da morosidade e burocracia que às vezes o consumidor enfrenta para resolver suas pendências, está sendo costurado um grande pacto nacional para que empresas, especialmente as campeãs em reclamações, possam aderir a um programa de conciliação virtual de conflitos. Até agora, 14 delas já toparam – do setor aéreo ao de telefonia. A secretária nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Juliana Pereira, prevê lançamento para outubro.

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Enxoval
Em tempos de crise, pegou mal Dilma ter levado sua filha Paula para evento da ONU, em Nova York. É prerrogativa presidencial prevista em lei que se leve acompanhante nesse tipo de viagem, mas membros da própria equipe governamental acharam que era necessário ter demonstrado austeridade. Chamou atenção a quantidade de sacolas de compras com produtos de bebê.

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Estrela vermelha
Uma astróloga contratada para auxiliar a campanha de Dilma em 2010 voltou nesta semana à análise dos astros e seus desígnios ao governo: “Outubro será negro e dezembro, fatídico”, anunciou ela para um petista de SP. Disse que Dilma nem armará árvore de Natal no Alvorada. 

Fotos: Ze Carlos Barretta/Folhapress; Adriano Machado/AG. ISTOE; Isaac Amorim/MJ; DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO/AE. Charge: Leo bussadori