Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, demorou muito a agir. Só isso explica a disparada do dólar na última semana, que assustou empresários, consumidores e, especialmente, quem viaja com frequência ao exterior. Como a autoridade monetária parecia impassível diante da disparada da moeda americana, a cotação chegou a bater em R$ 4,24 e bancos estrangeiros fizeram previsões até de R$ 5,00, como se o Brasil estivesse à beira de uma nova crise cambial.

Bastou que Tombini revelasse ao mercado a disposição de usar uma pequena parte do seu arsenal, que são os US$ 370 bilhões em reservas internacionais acumulados nos últimos anos, para que a aposta no caso começasse a se dissipar. Tombini lembrou que as reservas funcionam como um seguro que serve justamente para ser usado em tempos de crise, como o atual. Sua fala, em seguida, foi reforçada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Desde o começo do ano, países emergentes afetados pela redução do preço das commodities, como é o caso do Brasil, já queimaram US$ 290 bilhões de suas reservas para estabilizar suas moedas. No entanto, o BC de Tombini, até agora, não havia acionado seu seguro. Por isso mesmo, o real foi a divisa que mais se desvalorizou desde o começo do ano.

Ainda que existam explicações internas, como o impasse político que dificulta uma saída para a crise fiscal, todos economistas sérios sabem que há um claro excesso nas apostas catastrofistas – o que o mercado chama de “overshooting”. O Brasil voltou a gerar fortes superávits comerciais, o déficit no balanço de pagamentos é relativamente pequeno e US$ 370 bilhões não são um número trivial. Ou seja: o valor justo da moeda americana é bem inferior ao atual. 

Mas de nada adianta ter uma montanha de dólares à disposição se elas ficarem apenas trancadas no cofre. Tombini, aparentemente, acordou.