25/09/2015 - 20:00
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está preocupado com um fenômeno nas aposentadorias concedidas: um terço de todos os que recebem esse tipo de benefício é de trabalhadores rurais. Entretanto, os empregados do campo correspondem a apenas 9% da força de trabalho no Brasil. O Ministério vai analisar de perto esse episódio e, caso apareçam distorções, pode rediscutir os critérios para a concessão desse amparo. Mesmo polêmica, essa reavaliação pode amenizar a carga sobre o caixa da Previdência.
Numa fria
Mesmo já corrigidas algumas distorções, como no caso das viúvas, Joaquim Levy assiste com apreensão às tentativas do Congresso Nacional de embutir penduricalhos para aumentar despesas com a Previdência. “É preciso ter cuidado para não estar enxugando gelo quando tratamos de Previdência”, disse à coluna.
Fogo brando
Clima de desânimo entre membros da CPI da Petrobras. Estão decepcionados com a falta de repercussão da comissão que, esperavam, seria incendiária. Parlamentares querem encerrar logo os trabalhos, para reabri-los quando políticos já estiverem condenados.
Fogo brando 2
Para evitar o vexame de encerrar a CPI com produção fracassada, congressistas passaram a discutir mudanças na legislação para dar suporte às próprias comissões de inquérito. Para atualizando as regras à nova realidade inaugurada pela condução da Lava Jato.
Fogo brando 3
Querem mexer na lei de leniência para dar mais segurança a empresas que fecharem esse tipo de acordo. Pretendem criar regras para regular a convocação de delatores às CPIs e estabelecer novos critérios de fluxo cambial coibindo a ação de doleiros.
Reforma completa
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ficou de fora das principais conversas da reforma ministerial. Nas negociações realizadas no Palácio do Alvorada, quem esteve ao lado da presidente Dilma foi o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, com papel-chave na articulação política.
Mera coincidência
O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), cotado para ser ministro da Infraestrutura, está lendo o terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas, de Lira Neto. Chegou na parte pré-suicídio do ex-presidente. Lamenta ver semelhanças com o atual momento político.
Mera coincidência 2
Quando Pansera foi acusado por Youssef de ser “pau mandado” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sua mãe lhe telefonou e disse: “Olha, meu filho, esse negócio de ser pau mandado de mulher, até tudo bem, mas ser pau mandado de homem não pode, não”. E caíram na risada.
Sob investigação
A ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney sabia dos encontros de seus auxiliares com o doleiro Alberto Youssef e representantes da Constran que negociavam o destravamento de uma dívida de R$ 113 milhões do Estado com a empresa. A afirmação está em depoimento do ex-chefe da Casa Civil de Roseana, João Abreu, na investigação sobre suposta propina de R$ 10 milhões para a empreiteira furar a fila dos precatórios. Youssef disse à PF que Abreu levou R$ 3 milhões. Kakay, advogado de Roseana, alega: “Ele disse que o secretário tem obrigação de comunicar o que está sendo feito. Depois de tudo decidido, ela assinou”.
A parte de cada um
O relato de Abreu mostra que o acerto para o pagamento foi feito de forma ágil. Ele disse que sua primeira reunião com Yousseff foi em setembro de 2013. Um ou dois meses depois, a governadora já pedia ao secretário de Planejamento que encontrasse uma solução para destravar a dívida, cobrada na Justiça desde os anos 90. Abreu nega ter embolsado propina.
Toma lá dá cá
Paulinho da Força (Solidariedade – SP)
ISTOÉ – Ainda existe clima para a Câmara aprovar a abertura de um processo de impeachment contra Dilma?
Força – O debate está muito forte. Os deputados vão devolver o tratamento dado por ela nesses quatro anos e meio. Os periféricos que hoje acham que ela pode se recuperar, serão os primeiros a abandonar o barco quando virem que não há chance de reabilitação.
ISTOÉ – O movimento do PMDB para abraçar novos cargos no governo desestimula a discussão?
Força – Ao contrário, a oposição vem recebendo todos os sinais que precisamos do PMDB. Desde a saída do vice-presidente, Michel Temer, da articulação política até a decisão da cúpula peemedebista de não indicar pessoalmente nenhum ministro.
Rápidas
* Com o comedimento obrigatório do BNDES, Dilma se convenceu de que o setor privado será fundamental para financiar as empresas que abraçarem as próximas concessões. Espera a atuação de bancos privados, seguradoras e fundos de pensão.
* Avançam negociações do governo com a União Europeia para fechar acordo de livre comércio, apesar das dificuldades impostas pelas preferências geopolíticas do Brasil. O tratado respeitará o Mercosul e será anunciado nos próximos dias.
* O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Paulo Correa, é um dos que defende que o governo revise a tarifa de imposto de importação. Especialmente para insumos de manufaturados. Briga certa com outros setores estatais.
* Em tempos de transparência, a Câmara aprovou projeto de lei que dificulta a identificação dos carros usados por juízes e procuradores. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa de aprovação do Senado e sanção presidencial.
Retrato falado
A oposição conta com a adesão dos 25 deputados da bancada do PTB para apoiar a abertura de impeachment contra Dilma Rousseff. Porém, coincidência ou não, o líder petebista, Jovair Arantes (GO), acaba de receber uma notícia que esperava havia tempo: o MEC o avisou nesta semana que vai liberar R$ 18 milhões para a construção de um campus da Universidade Federal de Goiás em Ocidental. A primeira parcela, de R$ 3 milhões, sai nos próximos dias.
Eleições municipais
Marina Silva que conseguiu aprovar a Rede no TSE, já faz as contas para eleição municipal. Desta vez, usará como critério para coligações questões “programáticas”. Vai abandonar a ideia de que há partidos “bons” e “maus”. Aliás, já definiu a primeira candidata a prefeita pelo partido: deputada Eliziane Gama, hoje no PPS, para comandar São Luís (MA).
Incertezas
Empresas implicadas na Lava Jato que estão discutindo acordo de leniência com a Controladoria Geral da União se demonstraram inseguras com os rumos da reforma ministerial. Não sabem se o ministro Valdir Simão permanece na pasta. Tampouco se a pasta permanece como ministério.
por Débora Bergamasco
Colaborou Fábio Brandt
Fotos: Adriano Machado/AG. ISTOÉ; Vagner Campos; Charge: Leo bussadori