O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está preocupado com um fenômeno nas aposentadorias concedidas: um terço de todos os que recebem esse tipo de benefício é de trabalhadores rurais. Entretanto, os empregados do campo correspondem a apenas 9% da força de trabalho no Brasil. O Ministério vai analisar de perto esse episódio e, caso apareçam distorções, pode rediscutir os critérios para a concessão desse amparo. Mesmo polêmica, essa reavaliação pode amenizar a carga sobre o caixa da Previdência.

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Numa fria
Mesmo já corrigidas algumas distorções, como no caso das viúvas, Joaquim Levy assiste com apreensão às tentativas do Congresso Nacional de embutir penduricalhos para aumentar despesas com a Previdência. “É preciso ter cuidado para não estar enxugando gelo quando tratamos de Previdência”, disse à coluna. 

Fogo brando
Clima de desânimo entre membros da CPI da Petrobras. Estão decepcionados com a falta de repercussão da comissão que, esperavam, seria incendiária. Parlamentares querem encerrar logo os trabalhos, para reabri-los quando políticos já estiverem condenados.

Fogo brando 2
Para evitar o vexame de encerrar a CPI com produção fracassada, congressistas passaram a discutir mudanças na legislação para dar suporte às próprias comissões de inquérito. Para atualizando as regras à nova realidade inaugurada pela condução da Lava Jato.

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Fogo brando 3
Querem mexer na lei de leniência para dar mais segurança a empresas que fecharem esse tipo de acordo. Pretendem criar regras para regular a convocação de delatores às CPIs e estabelecer novos critérios de fluxo cambial coibindo a ação de doleiros.

Reforma completa
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ficou de fora das principais conversas da reforma ministerial. Nas negociações realizadas no Palácio do Alvorada, quem esteve ao lado da presidente Dilma foi o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, com papel-chave na articulação política.

Mera coincidência
O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), cotado para ser ministro da Infraestrutura, está lendo o terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas, de Lira Neto. Chegou na parte pré-suicídio do ex-presidente. Lamenta ver semelhanças com o atual momento político.

Mera coincidência 2
Quando Pansera foi acusado por Youssef de ser “pau mandado” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sua mãe lhe telefonou e disse: “Olha, meu filho, esse negócio de ser pau mandado de mulher, até tudo bem, mas ser pau mandado de homem não pode, não”. E caíram na risada.

Sob investigação
A ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney sabia dos encontros de seus auxiliares com o doleiro Alberto Youssef e representantes da Constran que negociavam o destravamento de uma dívida de R$ 113 milhões do Estado com a empresa. A afirmação está em depoimento do ex-chefe da Casa Civil de Roseana, João Abreu, na investigação sobre suposta propina de R$ 10 milhões para a empreiteira furar a fila dos precatórios. Youssef disse à PF que Abreu levou R$ 3 milhões. Kakay, advogado de Roseana, alega: “Ele disse que o secretário tem obrigação de comunicar o que está sendo feito. Depois de tudo decidido, ela assinou”.

A parte de cada um
O relato de Abreu mostra que o acerto para o pagamento foi feito de forma ágil. Ele disse que sua primeira reunião com Yousseff foi em setembro de 2013. Um ou dois meses depois, a governadora já pedia ao secretário de Planejamento que encontrasse uma solução para destravar a dívida, cobrada na Justiça desde os anos 90. Abreu nega ter embolsado propina.

Toma lá dá cá

Paulinho da Força (Solidariedade – SP)

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ISTOÉ – Ainda existe clima para a Câmara aprovar a abertura de um processo de impeachment contra Dilma?
Força –
O debate está muito forte. Os deputados vão devolver o tratamento dado por ela nesses quatro anos e meio. Os periféricos que hoje acham que ela pode se recuperar, serão os primeiros a abandonar o barco quando virem que não há chance de reabilitação.

ISTOÉ – O movimento do PMDB para abraçar novos cargos no governo desestimula a discussão?
Força –
Ao contrário, a oposição vem recebendo todos os sinais que precisamos do PMDB. Desde a saída do vice-presidente, Michel Temer, da articulação política até a decisão da cúpula peemedebista de não indicar pessoalmente nenhum ministro.

Rápidas

* Com o comedimento obrigatório do BNDES, Dilma se convenceu de que o setor privado será fundamental para financiar as empresas que abraçarem as próximas concessões. Espera a atuação de bancos privados, seguradoras e fundos de pensão.

* Avançam negociações do governo com a União Europeia para fechar acordo de livre comércio, apesar das dificuldades impostas pelas preferências geopolíticas do Brasil. O tratado respeitará o Mercosul e será anunciado nos próximos dias.

* O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Paulo Correa, é um dos que defende que o governo revise a tarifa de imposto de importação. Especialmente para insumos de manufaturados. Briga certa com outros setores estatais.

* Em tempos de transparência, a Câmara aprovou projeto de lei que dificulta a identificação dos carros usados por juízes e procuradores. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa de aprovação do Senado e sanção presidencial.

Retrato falado
A oposição conta com a adesão dos 25 deputados da bancada do PTB para apoiar a abertura de impeachment contra Dilma Rousseff. Porém, coincidência ou não, o líder petebista, Jovair Arantes (GO), acaba de receber uma notícia que esperava havia tempo: o MEC o avisou nesta semana que vai liberar R$ 18 milhões para a construção de um campus da Universidade Federal de Goiás em Ocidental. A primeira parcela, de R$ 3 milhões, sai nos próximos dias.

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Eleições municipais
Marina Silva que conseguiu aprovar a Rede no TSE, já faz as contas para eleição municipal. Desta vez, usará como critério para coligações questões “programáticas”. Vai abandonar a ideia de que há partidos “bons” e “maus”. Aliás, já definiu a primeira candidata a prefeita pelo partido: deputada Eliziane Gama, hoje no PPS, para comandar São Luís (MA).

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Incertezas
Empresas implicadas na Lava Jato que estão discutindo acordo de leniência com a Controladoria Geral da União se demonstraram inseguras com os rumos da reforma ministerial. Não sabem se o ministro Valdir Simão permanece na pasta. Tampouco se a pasta permanece como ministério.

por Débora Bergamasco
Colaborou Fábio Brandt
Fotos: Adriano Machado/AG. ISTOÉ; Vagner Campos; Charge: Leo bussadori