Anos antes de a crise hídrica se instalar na região Sudeste brasileira, afetando residências, comércio e indústrias, a empresa anglo-holandesa Unilever, que produz bens de consumo em diversas áreas, como alimentação, limpeza e cuidados pessoais, tinha dado início a uma iniciativa audaciosa: dobrar o tamanho da companhia até 2020 ao mesmo tempo em que diminuía pela metade seu impacto ambiental. Chamado de Plano Global de Sustentabilidade, a redução no uso de água é, desde o começo, um dos pilares do projeto. De 2008 a 2014, o consumo relativo nas fábricas de todo o mundo caiu 36%.

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DE CABEÇA PARA BAIXO:
a captação da água da chuva nos pátios da unidade paulista de Aguaí
ajudou na economia de 36% do consumo desde 2008

A economia proporcionada pelos produtos concentrados, como o sabão Omo e o amaciante Comfort, foi de mais de 100 milhões de litros d’água, no ano passado, somente no processo fabril. Essa redução equivale ao consumo diário das capitais catarinense Florianópolis e mato-grossense Cuiabá. Além de economizarem até 78% de água durante a fabricação, os concentrados diminuem em quase dois terços a quantidade de água necessária para o enxágue. Há outros benefícios para o planeta, como a redução de 37% no uso do plástico e de 63% no papelão nas embalagens.

Presente em 190 países e com faturamento de, aproximadamente, US$ 50 bilhões por ano, essa tarefa pode parecer simples para a multinacional. Mas o projeto, criado em 2010 pelo presidente global, Paul Polman, tem o compromisso de melhorar a saúde de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta. Para isso, é preciso dobrar o número de roupas lavadas com metade do consumo de água. No Brasil, o presidente Fernando Fernandez está capitaneando o projeto. Para ele, um dos pontos fundamentais é aumentar a eficiência no uso dos recursos naturais, o que as 15 indústrias em quatro estados e os 13.700 funcionários no País estão levando a cabo.

Em 2014, no complexo paulista de Indaiatuba, a maior fábrica de detergente em pó da empresa no mundo, a implantação de novos processos tecnológicos reduziram em 50% o consumo gerado por dezenas de jatinhos instalados nas torres dos prédios, que criam uma cortina de água que impede que partículas sólidas saiam para a atmosfera. Atualmente, toda a água liberada nas bombas de vácuo desses jatinhos é reaproveitada. Na unidade mineira de Pouso Alegre, a economia fez cair a geração de efluentes (resíduos líquido resultante dos processos industriais), o reuso de água estéril e o custo de tratamento. Nesses dois pátios, a diminuição total do gasto foi de mais de quatro mil metros cúbicos por mês – equivalente ao abastecimento de quase 200 residências no mesmo período.

Em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Unilever quer contribuir para a melhoria do saneamento de escolas para mais de 450 mil crianças brasileiras que não têm água tratada na escola onde estudam até 2016. Até agora, mais de 1.100 municípios se comprometeram a melhorar o saneamento em salas de aulas através da iniciativa. Com o projeto, a empresa conserta os vazamentos do presente mirando o bom uso d’água do futuro.  

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