A crise hídrica, que aflige São Paulo desde 2013, abriu espaço para a discussão sobre o papel de cada um dos agentes envolvidos na luta contra a falta d’água. A situação não se restringe apenas aos paulistas, embora ela pareça mais grave no Estado, que é responsável pela geração de mais de um terço de toda a riqueza do País. O agronegócio, que consome quase dois terços de toda a água potável no Brasil, não é o grande sorvedouro em São Paulo. É a indústria. O setor utiliza 40% de toda a água disponível para o abastecimento. A solução para diminuir o impacto das fábricas seria aumentar a participação do esgoto tratado na produção. Mas, segundo estudo da Fiesp, os 42 projetos de conservação e reúso da água na região metropolitana paulista geram economia de somente 10 milhões de litros por ano – ou 1% da vazão do sistema Cantareira –, o que é insuficiente para fazer a diferença para a sociedade.

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Apesar do cenário insatisfatório para uma megalópole, um projeto tem se diferenciado: o Aquapolo, criado em 2009 pela parceria entre a Sabesp e a Odebrecht Ambiental para tratar a água de esgoto e abastecer o Polo Petroquímico do ABC Paulista, localizado entre os municípios de Santo André e Mauá e constituído por 12 empresas. Com investimento de R$ 364 milhões, o Aquapolo entrou em atividade em dezembro de 2012, fornecendo mil litros por segundo de água de reúso para a Braskem, Cabot, Oxicap, Oxiteno e White Martins. Cada litro de água tratada libera outro litro para o consumo humano. O trabalho do Aquapolo permitiria abastecer uma cidade como Santos, com 500 mil habitantes.

Quinto maior empreendimento de transformação de água imprópria em água de reúso do planeta, o Aquapolo detém 17 quilômetros de tubulação, que liga a estação de tratamento ao Pólo paulista. De lá, mais 3,6 quilômetros distribuem a água para as petroquímicas. Sua importância foi reconhecida internacionalmente. No primeiro semestre de 2015, o presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Santos-Reis, recebeu do Banco Interamericano de Desenvolvimento o prêmio de melhor iniciativa público-privada do “Infrastructure 360o Awards”, premiação desenvolvida pela Universidade Harvard.

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BENEFÍCIO AMBIENTAL:
O Aquapolo (acima) tem 17 quilômetros de dutos para chegar ao Pólo
Petroquímico paulista. Abaixo, os tanques de filtragem na Bahia

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A petroquímica Braskem é quem melhor aproveita a oferta do Aquapolo, que destina 65% da água tratada para a empresa. Há quase três anos, 97% de todo o consumo no complexo da Braskem no Pólo Petroquímico paulista vem dessa água de reúso. Com isso, a Braskem não foi afetada pelo rodízio, redução ou cortes de abastecimento durante a crise. O Aquapolo manteve a operação da indústria estável, sem prejuízos para o negócio. “A segurança hídrica para o consumo industrial vem de projetos como o Aquapolo”, diz Mario Pino, gerente de desenvolvimento sustentável da Braskem. “Desviar o esgoto da poluição e tratá-lo ajuda a liberar a água para o consumo humano, o que é um benefício direto para a sociedade.” Dados do Aquapolo mostram que, mensalmente, 800 mil litros de água tratada, em média, deixaram de ser utilizados pela indústria.

O compromisso sustentável da Braskem faz mais sentido quando o impacto socioambiental é o mesmo para os negócios. O Aquapolo trouxe um benefício quase inesperado. Todo o investimento tecnológico da parceria entre a Odebrecht Ambiental e da Sabesp em bioreatores e filtros ultrassensíveis ajudam a produzir uma água de melhor qualidade, o que reduz o custo de manutenção. “A água é melhor e fica menos incrustada nos canos, gerando menos efluentes”, afirma Pino. “Eis um bom exemplo de como a sustentabilidade pode e deve ser benéfica para a empresa e para a sociedade.”

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A eficiência hídrica é uma das 36 estratégias de responsabilidade social que a Braskem se propôs a cumprir até 2020. A meta da companhia é atingir 40% de água de reúso em todas as suas unidades no mundo. Em 2011, essa meta estava em 18%. Em junho deste ano, o reúso atingiu 30%. No Pólo de Camaçari, na Bahia, o projeto Água Viva, que reaproveita a água da chuva, tem dado importante contribuição para a meta. Desde 2012, o volume de água poupado pela Braskem em seus processos industriais equivale ao consumo médio diário de água potável de uma cidade de 150 mil habitantes. Além disso, o Água Viva possibilita economia de energia elétrica usada para o bombeamento e a produção de insumos básicos. Em Camaçari, o reúso de água permite uma economia anual de R$ 2,4 milhões. Segundo Pino, em 2014 foram investidos R$ 250 milhões em projetos de eficiência hídrica. A economia gerada foi de R$ 150 milhões.

Foto: Vaner Casaes/Bapress 


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