Exemplo clássico para entender porque o governo está precisando cobrar mais imposto: a embaixada do Brasil em Budapeste promoveu um rega-bofe para comemorar o 7 de Setembro na Hungria. A conta do Itamaraty chegou para o Tesouro: R$ 20 mil (ou 1,3 milhões de forintes – e não de reais conforme publicado anteriormente por esta coluna). O dinheiro bancou bebidas, comidas, salão de festas e garçons para convidados do corpo diplomático. Para o Itamaraty, o evento foi "extremamente exitoso". Em tempos de crise, um bom jeito de promover a imagem do país no exterior pode ser praticar a austeridade.

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Rato solitário
A Polícia Federal acaba de decidir por qual nome tratará um autor ou um suspeito de ataque terrorista no Brasil: a alcunha será “rato solitário”. A estratégia é não deixar se espalhar a perigosa expressão “lobo solitário”, que andou circulando na boca de governistas desastrados. O FBI usa “lone rat”.

Rato solitário 2
Para a inteligência da PF, essa associação com um lobo pode trazer romantismo ao criminoso, remetendo àquela figura melancólica que uiva para a lua, jeito ideal para um maluco ser lembrado pela história. Já o rato suscita imediatos asco e repulsa.

Rato solitário 3
Por enquanto, o assunto terrorismo é totalmente tabu tanto dentro do governo brasileiro quanto na Polícia Federal. Mas em breve o tema, já discutido no mundo, passará a ser debatido publicamente pelas autoridades. Com planejamento, para não alarmar.

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Campo de batalha
Depois de uma semana enfrentando o espancamento da proposta de CPMF, o governo tem outra peleja pela frente. A reforma do PIS/Cofins estará na rua nesta semana. Sai da Fazenda e segue para a Casa Civil. A chiadeira na certa do setor de serviços.

No fio do bigode
Um assunto une hoje os sempre antagônicos ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento: o excesso de vazamento de informações confidenciais pelo Palácio do Planalto. Acham que incontinência verbal atrapalha o governo.

Sabe de nada…
Tem parlamentar achando que o governo é mais estrategista do que realmente é. Teve quem identificou como uma tentativa de colocar “o bode na sala” a proposta de Dilma Rousseff de convencer os deputados a abrir mão da autonomia de suas emendas parlamentares
para bancar o PAC e a Saúde.

…inocente
Ministros que participaram das discussões do novo pacote de ajustes garantem que o governo realmente achou que contaria com a sensibilidade dos deputados e mexer no destino das verbas usadas para fazer varejo político em seus redutos eleitorais.

Cesta nada básica
Uma tonelada de camarão rosa tamanho grande, R$ 42,6 mil; duas toneladas de costela bovina de primeira, R$ 26,6 mil; dez toneladas de carvão vegetal para churrasco, R$ 17,7 mil; três mil litros de sorvete, 20 garrafas de aguardente, 30 garrafas de vinho, 500 caixas de bombons sortidos, água de coco… Sem querer controlar a dieta alheia, mas esta é parte da lista de compras, que será paga pelo governo, para alimentar a tropa do setor de aprovisionamento do Comando de Fronteira Rondônia/6º Batalhão de Infantaria de Selva. Viver na floresta pode ser melhor do que em estar em muita casa urbana.

Atento aos sinais
Um ministro achou sintomático o vice, Michel Temer, estar em uma longa viagem internacional, acompanhado de seus ministros do PMDB, quando a oposição dá os primeiros passos em direção ao impeachment. Passa a impressão de que o governo não conta com o apoio dele e de sua tropa. Ou ter na viagem um álibi para não ser acusado de fomentar conspirações.

Toma lá dá cá

Senador Benedito de Lira (PP-AL), apresentou a Dilma ideia para aumentar a arrecadação

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ISTOÉ – O sr. defende a regularização dos jogos de azar como alternativa à CPMF?
Lira –
O que o povo prefere: liberar cassino, bingo, jogo do bicho ou pagar mais imposto todo mês? Entendo a polêmica, mas renderia R$ 20 bilhões por ano, além de gerar empregos.

ISTOÉ – Poderia beneficiar também a lavagem de dinheiro e o crime organizado?
Lira –
Não se houver fiscalização ostensiva. Todos os dias, o crime organizado faz essas balelas e o governo recebe zero.

ISTOÉ – O que a presidente achou?
Lira –
Ela me pediu para enviar o projeto para o Nelson Barbosa (Planejamento). Uma semana depois, me pediu para entregar um diretamente para ela. Acho que gostou.

Rápidas

* Dois ministros do TCU antes dispostos a defender Dilma pelas pedaladas dão sinais de que podem reavaliar suas tendências. A demora do governo para entregar a defesa esquentou o debate e aproximou a sociedade das questões fiscais.

* De acordo com esses ministros, com o anúncio do aumento de impostos decorrente da má gestão financeira, fica cada dia mais difícil encontrar argumentos para defender o governo sem manchar a imagem do Tribunal de Contas da União.

* Os quatro técnicos do TCU que analisam os argumentos do governo para isentar Dilma sobre as pedaladas fiscais estão sofrendo assédio de ministros e assessores, que, por sua vez, enfrentam a insistência de políticos curiosos.

* O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) tentará convencer os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior a assumirem maior protagonismo no movimento para tentar o impeachment. Quer que eles sejam coordenadores jurídicos do movimento.

Retrato falado

O ministro da Advocacia Geral da União, Luis Inácio Adams, anda furioso nos últimos dias. Desabafou com parlamentares que está se sentido traído internamente ao observar os últimos movimentos no Congresso Nacional para retirar de sua pasta uma atribuição e passá-la ao Ministério Público Federal. Trata-se da competência para propor ação que bloqueia bens de pessoas ou empresas suspeitas de financiar o terrorismo, segundo decisão do Conselho de Segurança da ONU.

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Em nome do amor
Romântico e senador da República, Romero Jucá (PMDB-RR) finalizou a lista de convidados para seu casamento. Dilma, cuja política ele anda criticando, vai receber convite. Aos 60 anos, ele subirá ao altar pela quarta vez, dia 3 de outubro, com festa e cerimônia com bênção religiosa, em Brasília. O vestido da noiva, Rose, sua ex-secretária, é finíssimo.

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Ideia fixa
O senador José Serra (PSDB-SP) aproveita discussões em torno da Agenda Brasil para fazer o “recall” de seus motes eleitorais. “Repito aqui uma frase que cunhei ao longo da minha campanha presidencial de 2010: defendo um governo forte, não obeso. Magro, mas musculoso.”

por Debora Bergamasco
Colaboraram: Izabelle Torres e Fábio Brant
Fotos: Roberto Castro; ANTONIO CRUZ-ABR; Charge: Leo Bussadori