Grande arma de sedução feminina, o batom é, sem dúvida, o item de maquiagem mais democrático que existe. Aplica-lo não exige muita habilidade. Basta girar um cilindro de metal e deslizar o bastão colorido sobre os lábios. Essa facilidade, no entanto, é um invento recente, fruto da criatividade do americano Maurice Levy, funcionário de uma empresa de metalurgia, que criou, há 100 anos, o batom como é hoje, mudando radicalmente a forma como as mulheres entendem a própria beleza.

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ATRAÇÃO
A atriz Angelina Jolie, dona dos lábios mais famosos do cinema,
aposta no glamouroso batom vermelho

Até o início do século XX, colorir os lábios era uma tarefa que exigia esforço e muitas vezes, não era bem vista. “Os primeiros registros do uso de pigmentos na boca datam dos egípcios, que recorriam a plantas e minerais como tinta”, afirma Armando Ribeiro, professor do curso de maquiagem profissional da universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Depois, as mulheres gregas incorporaram essa técnica ao uso de frutas, como uvas, e gordura de animal para conseguir o mesmo efeito. O costume de pintar os lábios percorreu a história até a Idade Média, quando deixou de ser comum. “Naquela época, a vaidade e qualquer cuidado com o corpo eram considerados pecado”, diz Ribeiro. “Por isso, durante mais de um século, colorir a boca foi visto como um hábito de prostitutas.”

O preconceito em torno dos lábios coloridos só saiu de cena com a popularização do cinema, nos anos 1930. A partir daí, divas como Joan Crawford (1905-1977) e Marilyn Monroe (1926-1962) ajudaram as donas de casa a tomarem coragem para comprar um batom. E a simplicidade da invenção de Levy foi decisiva para a democratização do produto. “Após a Segunda Guerra Mundial, a mulher comum passou pintar os lábios e a indústria cosmética ganhou força”, diz Ribeiro.

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Hoje, o batom é o item de maquiagem preferido por mulheres do mundo todo, inclusive do Brasil. Segundo um levantamento inédito realizado pela gigante de cosméticos Avon com maquiadores brasileiros, três em cada quatro desses profissionais apontam que a brasileira considera o batom um produto de beleza indispensável. Já uma pesquisa da Euromonitor revelou que 52% das brasileiras pintam os lábios diariamente. O País hoje é o quarto maior mercado em vendas de batom no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Só em 2014, a venda desses itens atingiu US$ 598,5 milhões (R$ 2,3 bilhões).

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Entre as cores preferidas por aqui, não há um consenso. Enquanto a Avon afirma que os tons nude (“cor de boca”) são os campeões, com 29% de preferência, a M.A.C, marca canadense de cosméticos, garante que entre os mais vendidos atualmente estão os vermelhos, vinhos e roxos. “O comportamento da brasileira em relação ao batom mudou. Há pouco tempo ela não se aventurava tanto com cores fortes”, diz Fabiana Gomes, maquiadora sênior da M.A.C. Seja em tons claros ou escuros, o poder do batom continua o mesmo. “Passar batom é uma celebração à feminilidade”, afirma o maquiador Fernando Torquatto. 


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