11/09/2015 - 20:00
O esquema do Petrolão chegou ao mais alto hierarca do petismo. Na quinta-feira 10, a Polícia Federal solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja convocado para prestar depoimento no inquérito que investiga envolvimento de políticos no esquema de corrupção da Petrobras. O pedido foi encaminhado pelo delegado Josélio Azevedo de Sousa. Para ele, Lula pode ter sido “beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal”. No relatório, o delegado considera que a investigação “não pode se furtar à luz da apuração dos fatos”. A convocação de Lula já era comentada há algumas semanas no âmbito da força-tarefa da Lava Jato. Restava saber o momento que ele iria ser chamado. O próprio ex-presidente já admitia a possibilidade em conversas privadas no Instituto Lula, em São Paulo.
SUJOU
Ex-presidente Lula pode prestar depoimento no caso do Petrolão,
se a Procuradoria-Geral da República der o sinal verde
O pedido de depoimento de Lula, agora, está nas mãos da Procuradoria-Geral da República. Pela liturgia do STF, os pedidos da PF só passam a ser examinados pelo ministro relator dos casos da Lava Jato, Teori Zavascki, após a manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Até o fechamento desta edição, Janot ainda não havia se pronunciado, mas a expectativa na própria PGR é que ele não ofereça resistência.
A decisão da PF se fundamenta em depoimentos dos delatores, o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco. Ao elencar os indícios sobre o papel de Lula no esquema do Petrolão, o delegado diz que Youssef e Paulo Roberto Costa “presumem que o ex-presidente da República tivesse conhecimento do esquema de corrupção”, tendo em vista “as características e a dimensão do mesmo”. É para elucidar esses fatos que a PF pede a convocação do ex-presidente Lula para depor. “Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”.
O PEDIDO
Em documento enviado ao STF, a Polícia Federal diz que Lula pode ter
sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo
vantagens para si e para seu partido, o PT
Além de Lula, o delegado quer que sejam ouvidos os políticos do PT Rui Falcão, presidente do partido, José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, ambos ex-presidentes da Petrobras, José Filippi Jr., ex-tesoureiro das campanhas de Lula e Dilma Rousseff, e os ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e José Dirceu.
A tomada de depoimento do principal líder do PT no momento em que o partido e o governo Dilma atravessam uma crise sem precedentes é emblemática. Hoje, o PT já sofre um processo de esvaziamento, fruto do temor dos candidatos às eleições municipais de serem derrotados nas urnas em 2016. Nos cálculos do próprio partido, a legenda perderá pelo menos 20% dos seus quadros este ano – ao menos 130 prefeitos. Uma eventual condenação de Lula, na atual conjuntura política, decretaria o fim do lulo-petismo, depois de uma hegemonia de mais de uma década, e teria o condão de reordenar as forças políticas no País.
