Beber água é uma recomendação comum. Serve para repor líquidos durante a malhação, para hidratar o corpo debilitado pela gripe e para melhorar a circulação sanguínea, entre outras indicações. Mas ela é boa não só dentro do corpo. Mergulhar em um recipiente transbordante de H2O, com sais minerais e temperatura variada, é um excelente remédio para o stress, o cansaço e a falta de resistência. É nisso que apostam os spas. Cresce o número de clínicas que utilizam a água como principal elemento contra males da vida moderna. São banhos acompanhados dos mais diferentes ingredientes com um propósito específico: o bem-estar do corpo e da alma.

No spa que está sendo construído no resort Costão do Santinho, em Florianópolis, os tratamentos serão baseados no poder medicinal das águas. Com inauguração prevista para dezembro, o spa promete ser a mais completa clínica de talassoterapia (tratamento feito com banhos de água com alguns minerais contidos na água do mar) da América Latina. Prova disso é que haverá uma piscina de mil metros quadrados repleta dessa água e servida por hidromassagem em toda a sua extensão. De acordo com o médico Gert Wolter, diretor do spa, a terapia ajudaria a nutrir o organismo dos minerais necessários.

Helcio Nagamine
Apesar da água fria, Cláudia experimenta sensação de bem-estar no caminho

Além disso, o projeto do spa inclui tratamentos feitos com compressas quentes ou frias de algas marinhas. O objetivo é melhorar a resistência da pele, ajudando inclusive na cicatrização. “As compressas quentes têm efeitos vasodilatadores (descontração das veias e artérias) e as frias, de contração”, explica Wolter. O especialista dirige duas clínicas para desintoxicação (nas cidades paulistas de Jarinu e Atibaia) baseadas nessas terapias e acredita que o trabalho com água pode ter efeitos mais profundos, chegando a agir nos órgãos internos para estimular seu funcionamento. E se água traz vigor, a modelo Michelly Macri é o melhor exemplo. “Cresci na praia do Santinho e me acostumei a caminhar na areia, entrar no mar e na piscina. Quando fico muito tempo longe, sinto falta disso para recuperar as energias”, conta.

Passarela – O Kurotel, localizado em Gramado (RS), também tem sua filosofia baseada no elemento. “O objetivo do tratamento na água é o aumento da resistência. Procuramos alternar as temperaturas para haver uma ativação maior do organismo”, afirma Luís Carlos Silveira, médico diretor do spa. Com base nessa teoria, o Kur oferece, por exemplo, o Caminho das Águas, um riacho artificial onde as pessoas, depois de fazer exercícios, andam com água fria até os joelhos para relaxar. Essa “passarela” tem pedras dispostas no chão que estimulam pontos energéticos do do-in (terapia chinesa) no pé. O do-in se baseia no massageamento de pontos específicos no corpo para reequilibrar o fluxo de energia do organismo. O passeio é indicado para quem sofre de inchaço nas pernas e de varizes. “Na hora em que se pisa ali dá até pavor porque o rio é muito frio. Depois, tem-se a sensação de bem-estar, que compensa o sacrifício”, afirma a empresária Cláudia Gonçalves, 29 anos. Ela também experimentou outra atração do spa: o tanque de flutuação. Devido à quantidade elevada de sal, a água do reservatório fica densa e flutua-se sem fazer esforço. É uma ótima maneira de relaxar. “É uma delícia. Saí de lá me sentindo mais leve, mais tranquila”, conta Cláudia.

Helcio Nagamine
Achcar sai do banho de ofurô direto para o descanso na cama

Tanto no Costão do Santinho quanto no Kur, o ideal para espantar o stress e desintoxicar o organismo é ficar de uma semana a dez dias. Mas para quem não tem muito tempo existem opções mais rápidas. Nos spas urbanos, que se multiplicam nas metrópoles, as opções vão de banhos de relaxamento à hidroterapia (fisioterapia na água), modalidade oferecida no Acquaville Day Spa, de São Paulo, por exemplo. Nesse caso, uma das vantagens é que na piscina o paciente se cansa menos ao fazer os exercícios terapêuticos. Já o “cardápio aquático” do Spaço Corpo & Mente em Equilíbrio, também de São Paulo, oferece banhos de ofurô (banheira oriental de madeira) com massagem. O interessado fica 20 minutos mergulhado na água e, na sequência, recebe meia hora de massagem nas costas, na cabeça, na panturrilha e no pé. A combinação é muito requisitada por executivos para aliviar a tensão. Eduardo Achcar, empresário de 24 anos, confirma. “Chego tenso e saio tão relaxado que gosto de ir direto para a cama”, diz. O Spaço conta ainda com o exótico banho de vinho tinto, bebida que contém álcool. Por isso mesmo, de acordo com os dirigentes do spa, a imersão teria propriedade relaxante.

As terapias na água são bastante diversificadas. Já existe até quem faça massagem terapêutica submersa. Criado pelo americano Harold Dull nos anos 80, o método Watsu é uma adaptação da massagem japonesa Shiatsu para ser feita dentro da piscina. Quem trouxe a técnica para o Brasil foi a professora Ursula Garthoff. Ursula garante que o método não é apenas relaxante. “Ele causa alterações no corpo que, somadas aos prazeres da massagem e da água quente, mexem com as emoções”, sustenta.