O movimento modernista de 1922 parece estar presente na disputa municipal da capital fluminense. As pesquisas indicam que o atual prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) está liderando com folga o embate e, num gesto que simbolicamente se pode chamar de antropofagia, “engole” o padrinho Cesar Maia (PTB). Nas eleições de 1996, Cesar indicou Conde – então secretário de Urbanismo do seu governo – para disputar sua sucessão. Conseguiu a façanha de eleger um poste, ou seja, um candidato que só consegue vencer pela transferência de votos do padrinho. Os dois romperam e agora a criatura conta com a intenção de voto de 50,1% do eleitorado. O criador ficou com 37,6%, de acordo com a última pesquisa Brasmarket, fechada quatro dias antes da eleição. Como a margem de erro é de 3% para mais ou para menos, é possível dizer que a reeleição de Conde estaria praticamente garantida. O cientista político Fabiano dos Santos, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, atribui a liderança de Conde à baixa popularidade de Cesar entre as classes menos favorecidas. “O apoio de Conde está no eleitorado de baixa renda. O Cesar Maia tem perfil de elite”, explica. Seguindo esse raciocínio, Fabiano acredita que Conde herde os votos que Benedita da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT) receberam no primeiro turno – respectivamente, 22,63% e 9,10%, embora o PT tenha decidido pela neutralidade e Brizola flerte com o petebista.

Além do Rio de Janeiro, outras sete capitais – das 11 em que há segundo turno – já têm resultado praticamente conhecido. Em Goiânia (GO), o petista Pedro Wilson lidera com 53,2% das intenções, 24,4 pontos a mais que Darci Accorsi (PTB), cuja campanha não esconde o desespero pela proximidade da derrota. Com 56,2% das intenções, Juraci Magalhães (PMDB) esmaga o oponente Inácio Arruda (PCdoB), que tem 34,6% em Fortaleza (CE). Macéio (AL) provavelmente continuará sendo administrada por uma mulher: Kátia Born (PSB) lidera com 48%, deixando José Regis com parcos 32,8%. Tudo indica também que Tarso Genro (PT) volte a ocupar a cadeira de prefeito, onde sentou de 1993 a 1996.

E há ainda cidades com disputas acirradíssimas, nas quais os candidatos estão empatados tecnicamente: em Manaus (AM), Alfredo do Nascimento (PL) lidera com 49,1% e Eduardo Braga (PPS) detém 44,5%. Já em Belém (PA), Edmilson Rodrigues (PT) está na dianteira com 49,4%, e o adversário do PSD, Duciomar Costa, conta com 44,4%. Com o término do programa eleitoral, pequenos detalhes podem definir as eleições nesses casos. O diretor do Instituto Brasmarket, Ronald Kuntz, acredita que “o desempenho dos candidatos no debate da Rede Globo, na noite da sexta-feira 27, pode ser decisivo onde há empate técnico”.