Quem chega desavisado à cidade de Caetité, no sudoeste da Bahia, a quase 700 quilômetros de distância da capital, Salvador, pode não se dar conta da riqueza que há por ali. O município do semiárido baiano, terra natal do educador Anísio Teixeira, além de ter sido berço de um projeto educacional pioneiro no século 19, é uma das áreas que abriga o maior complexo eólico da América Latina, um empreendimento da Renova Energia, com 184 aerogeradores e capacidade de geração de 293,6 megawatts de energia elétrica.

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Na região, que abrange os municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã, onde estão instalados os 14 parques eólicos que compõem o complexo do Alto do Sertão I, as condições climáticas são ideais para a geração de energia: os ventos são regulares, intensos e não variam muito de direção. Devido a essas características, no sertão baiano a mesma turbina utilizada em países da Europa opera com fator de capacidade até 20% maior.

Internamente, a equipe da Renova costuma se referir ao local como uma “mina de ouro”. Mas a empresa não quis repetir a exploração predatória que outras culturas fizeram no interior do País, no passado. Apesar de a instalação de uma usina eólica ter menos impacto que outras fontes de geração de energia, como toda ação dessa grandeza as dinâmicas locais são afetadas. Por isso, para erguer o complexo, a empresa evitou comprar os terrenos onde seriam colocadas as torres e hélices que formam o catavento gigante. Ela preferiu arrendá-las e dar início a um conjunto de ações socioeconômicas, ambientais e culturais em parceria com as comunidades locais. “Essa é uma maneira socialmente mais justa, em que as pessoas, na maioria dos casos, podem continuar tocando suas atividades e ainda contam com a receita do arrendamento”, diz Ney Maron, diretor vice-presidente de Sustentabilidade e de Meio Ambiente da Renova.

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Em 2012, ao mesmo tempo em que concluía a implantação dos parques, a companhia firmava seu compromisso de responsabilidade socioambiental com o projeto Catavento, que está sustentado em quatro pilares: socioeconômico, cultural e patrimonial, ambiental e desenvolvimento organizacional. Dentro deles, são desenvolvidos trabalhos que envolvem desde capacitação e gestão profissional, recuperação de matas ciliares, à criação do Museu do Alto Sertão da Bahia – MASB e do Conservatório de Música Anísio Teixeira. “Quando enxergamos a possibilidade de desenvolver atividades que podem gerar benefícios financeiros ou sociais, dentro da cultura e das aptidões locais, nós apoiamos”, conta Maron. O executivo ressalta que os cursos promovidos não visam apenas a capacitação de mão de obra para os parques eólicos. Todas as ações têm como finalidade atender a demandas reais da população. “Procuramos conhecer as particularidades da região, seus anseios, porque partimos da premissa de que são eles que sabem o que é melhor para a vida deles”, diz. 

A responsabilidade socioambiental é parte fundamental em qualquer empresa moderna, mas a iniciativa traz ganhos estratégicos para o negócio. Ao criar laços e promover o desenvolvimento local, a Renova acaba sendo beneficiada com um relacionamento de confiança, tanto com a comunidade como com o setor público. Nesses três anos, o Catavento promoveu 20 projetos, que alcançaram dez mil pessoas. O investimento nesse primeiro ciclo (2012 a 2014) foi de R$ 9,4 milhões e mais R$ 10 milhões devem ser investidos na segunda fase do programa (2015 a 2016), que aumentará sua área de atuação. Cerca de 70% da mão de obra do complexo eólico é de trabalhadores locais. “Trabalhamos, literalmente, nos quintais dos nossos parceiros. Costumamos dizer que o que queremos é ser bons vizinhos”, diz Maron.

O executivo da Renova usa uma analogia para explicar o papel que uma companhia deveria ter nas áreas em que atua: seria maravilhoso poder resolver todos os problemas da região, mas, como isso não é possível, o que pode ser feito é algo semelhante à acupuntura: estimular os pontos certos para que o desenvolvimento aconteça naturalmente.

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Fotos: WILTON JUNIOR/Ag. Estado, Divulgação