A partir de janeiro, o Brasil será palco de uma expedição digna de Indiana Jones. Paleontólogos do Museu Nacional do Rio estão deixando de lado a postura solitária e, pela primeira vez, vão atuar com a iniciativa privada. O projeto Em busca dos dinossauros contará com auxílio da Fogo Fátuo Expedições, empresa especializada em atingir áreas de difícil acesso, vai durar dois meses e custará R$ 936 mil. Vinte pesquisadores e dez auxiliares percorrerão dez mil quilômetros em oito Estados. O principal objetivo é achar vestígios de um dos maiores dinossauros que já habitou o planeta, o Espinossauro.

Também encontrado no Noroeste da África, o bípede que se alimentava de peixes tem crânio semelhante ao do crocodilo, 13 metros da cabeça à cauda e três toneladas. Já foram desenterrados dentes do réptil na Laje do Curinga, no Maranhão. Agora, o desafio é encontrar evidências da existência de outros gêneros da mesma espécie. “Precisamos dar nome e sobrenome ao Espinossauro”, diz Sérgio Azevedo, chefe da equipe de paleontólogos. Serão investigadas três áreas: o Vale dos Dinossauros, na Paraíba, a Chapada do Araripe, no Ceará, e a Laje do Coringa. Nesse local, os paleontólogos só terão quatro horas diárias para pesquisa, pois o lugar fica submerso a maior parte do dia por causa da maré alta.

O trabalho pode ampliar o número de dinossauros descritos no Brasil. Até agora, somente oito já foram registrados no País, contra dois mil no resto do mundo. “Esperamos nos próximos dois anos poder apresentar cinco novas espécies”, aposta Azevedo. Bem-sucedida ou não, a viagem não vai cair no esquecimento. A Total Filmes e o grupo Cima – Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente – produzirão um documentário, uma exposição, um livro de arte e livros infantis.

Sebo nas canelas

O lagarto herbívoro Eudimabus cursoris é, como o gigante Espinossauro, um bípede. Com seus meros 25 centímetros de altura, está longe de ser o maior, mas, segundo afirmaram cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, é o mais antigo já descoberto, com 290 milhões de anos. Em um estudo publicado na última edição da revista Science, os pesquisadores sugerem que o Eudimabus adquiriu a habilidade de andar sobre apenas duas patas como o homem e alguns dinossauros e aves para fugir de predadores quadrúpedes.