O governador do Paraná não dorme em serviço. Jaime Lerner (PFL) reelegeu por pouco o pefelista Cássio Taniguchi em Curitiba – o prefeito venceu Ângelo Vanhoni (PT) no sufoco, com apenas 3% de vantagem –, mas nem esperou a poeira eleitoral baixar e anunciou, na quarta-feira 1º, a mudança de todo o secretariado estadual. Com a medida, Lerner pretende atingir três objetivos. O mais imediato: “oxigenar” o governo, dando mais destaque às questões sociais. O mais complexo: exibir disposição para mudanças e fortalecer-se politicamente para enfrentar o novo bloco de oposição no Estado nascido nestas eleições – PT, PSDB e PMDB. E, por fim, o mais importante: ganhar visibilidade nacional e se credenciar dentro do PFL para disputar a Presidência em 2002. No Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense, nenhum correligionário nega os esforços empreendidos para levar Lerner a outro Palácio, o do Planalto. Alceni Guerra (PFL), chefe demissionário da Casa Civil, deverá ser o responsável pela empreitada dentro do partido. Lerner também não disfarça suas intenções ao dizer que está “qualificado para exercer qualquer função pública”.

Estrago – Nem todos no PFL escaparam da onda oposicionista. O mundo explode dentro do partido depois das amargas derrotas no Recife e no Rio de Janeiro, que respingaram em lideranças importantes como o vice-presidente Marco Maciel (PE) e o presidente nacional do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), que apostou alto na reeleição de Luiz Paulo Conde. No Paraná, no entanto, Lerner vai bem, obrigado. Mesmo com o PT levando as Prefeituras de Ponta Grossa, Londrina e Maringá, as três maiores cidades depois da capital, a vitória em Curitiba mostrou que o governador é capaz de derrotar seus principais adversários: os senadores-irmãos Álvaro e Osmar Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB), que reforçaram o palanque petista no segundo turno. O prefeito reeleito da capital está de férias na Europa, mas o governador nem deve saber se o feriadão foi ensolarado ou não. Enfurnado no gabinete, vai aproveitar a folga para formar a nova equipe de governo, que deve ser anunciada na segunda-feira 6.
Agora, “oxigenar” é a palavra de ordem no governo. Foi Taniguchi quem inaugurou o termo, na semana passada, dando-se ao luxo de criticar o partido de Antônio Carlos Magalhães (BA), que, segundo ele, precisa embarcar nas discussões sobre temas sociais e ética nas administrações: “O fato de o PFL ter perdido em cidades importantíssimas e ter sofrido com a onda de protestos em Curitiba é um alerta. Precisamos oxigenar o partido, trazer novas lideranças, fazer com que haja uma discussão interna mais ampla, mais democrática.” É tudo o que Lerner gostaria que acontecesse. A conclusão do prefeito não é animadora para os atuais rumos do partido. Segundo ele, se o PFL não se oxigenar “está fadado a minguar”.