É absolutamente esplendoroso. O monumento mais romântico do mundo pode agora ser visto nas noites de lua cheia. O Taj Mahal, construído pelo xá Jehan (1628-1659) em homenagem à sua mulher preferida, Arjumand Banu Begum, conhecida como Mummtaz Mahal (“A Escolhida do Palácio”), abre suas portas aos visitantes noturnos de Agra, cidade a cerca de 200 quilômetros da capital indiana, Nova Délhi. A formosa Mummtaz Mahal casou-se aos 21 anos com o xá Jehan em 1612 e tornou-se sua inseparável companheira. Deu a ele 13 filhos, mas ao dar à luz o 14º vieram as trevas. A Escolhida do Palácio morreu no parto. O imperador mughal, deprimido, resolveu construir um túmulo gigantesco em uma edificação que hoje corresponderia a um prédio de 20 andares. Foram 22 anos para que a força motora de 20 mil trabalhadores pudesse levantar o monumento à beira do rio Yamuna. Alguns historiadores dizem que a construção terminou entre 1643 e 1644, enquanto outros sustentam que a finalização das obras foi em 1652. Depois de um longo debate na Suprema Corte da Índia, resolveu-se que a partir de fevereiro deste ano as portas do Taj Mahal estarão abertas depois das 18h para no máximo 400 pessoas. O governo de Uttar Pradesh – Estado onde se localiza o monumento – queria a reabertura por causa do lucrativo turismo, enquanto arquitetos e arqueologistas preocupavam-se com possíveis roubos e depredações contra a frágil construção que já sofre com a poluição e o grande número de visitantes – só no ano passado 2,2 milhões de indianos e 800 mil estrangeiros estiveram no Taj Mahal. As visitas noturnas foram proibidas em 1984, um ano depois de ele ter sido declarado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Os 400 escolhidos nas noites enluaradas serão verdadeiros privilegiados,
mas terão acesso limitado. Poderão ver o mausoléu de uma plataforma a 300 metros de distância. Mas certamente valerá a pena. O mármore branco Makrana – oriundo do Rajastão e que encobre todo o Taj Mahal – muda de tonalidade, dependendo da hora do dia. Ao entardecer, colore-se de um rosa sonho. Agora o belíssimo mausoléu será coberto pela luz prateada e apreciado com a calma dos indianos. Antes de entrar na tumba, o visitante é obrigado a tirar os sapatos e deixá-los com um “guardador de calçados”, como acontece em vários templos hindus e muçulmanos da Índia. Com os pés descalços, é possível sentir a suavidade desse mármore escorregadio.

Flores – O nobre Ali Mardan Khan ocupou-se de construir a tumba para a amada do xá e chamou famosos artesãos turcos para decorá-la. Os mughal eram naturalistas e acreditavam que as flores reavivam a alma. Nas várias paredes que emolduram a entrada principal estão encravadas delicadas flores em pietra dura (arte florentina), inspiradas nos jardins do paraíso e que até hoje são replicadas pelos talentosos artesãos locais em peças de mármore vendidas na cidade. Nas laterais dos arcos, painéis com versos do Corão escritos pelo calígrafo persa Amanat Khan criam uma ilusão ótica de que a edificação é ainda mais alta. Ao sair da tumba, é possível alcançar ao longe o reflexo do Taj Mahal na piscina em forma de lótus, a flor sagrada para os indianos. É quando se tem realmente a sensação de que a Escolhida do Palácio descansa em seu paraíso.