Os mais de oito mil quilômetros da
costa brasileira já impressionaram muitos navegadores que por aqui aportaram desde o século XVI. Com
uma biodiversidade de dar inveja, o litoral nacional acumula riquezas culturais de povos que vivem em vilarejos e cidades que permeiam a região. São caboclos, índios e caiçaras que, em muitos cantos do País, ainda mantêm as tradições do passado. Com o objetivo de desnudar a orla brasileira, o jornalista João Lara Mesquita criou o projeto Mar Sem Fim. Ao longo de um ano e meio, ele e uma equipe de quatro pessoas estarão a bordo de um veleiro visitando cantos inexplorados e outros nem tanto. Sempre com a ótica de quem vê o
continente de dentro de um barco.

O ineditismo do projeto é o enfoque histórico. A equipe vai comparar a situação atual de praias, rios, mangues e ilhas com os relatos dos primeiros navegadores. “No norte ainda há muito lugar preservado, onde o cidadão comum não chega. Vamos mostrar também exemplos de má ocupação, como o litoral norte de São Paulo, para que o telespectador tire sua própria conclusão”, diz Mesquita. Para ajudar na empreitada, a equipe conta com a ajuda de especialistas. Em cada trecho da viagem serão convidados a participar da expedição historiadores, pesquisadores, biólogos e artistas plásticos. A proposta é homenagear artistas do passado, que usavam a pintura como relato de viagem.

O documentário será exibido semanalmente em capítulos de meia hora, a partir de 3 de abril, na TV Cultura de São Paulo. A viagem, que começou em janeiro em Oiapoque, no Amapá, e vai terminar no Chuí, no Rio Grande do Sul, será dividida em trechos, cobrindo terra e mar. O próximo, com início no final deste mês, vai de Belém até São Luís, no Maranhão. Entre as ilhas visitadas, destaques para a mais afastada do continente, Trindade, a 600 milhas da costa do Espírito Santo, e Alcatrazes, no litoral paulista. Em terra firme, a equipe se concentra no registro da arquitetura influenciada por portugueses e holandeses e nas histórias e depoimentos dos caboclos. A expedição pode ser acompanhada pela internet (www.projetomarsemfim.com.br), onde se pode consultar informações, imagens, sons e diários de bordo.