Há espaço para a crítica ao status quo em um evento promovido pelo mercado de arte? A questão não é nova e continua inevitável, na medida em que curadores são convocados a propor projetos especiais para grandes feiras internacionais. A dúvida torna-se ainda mais calcinante se os curadores contratados tem como repertório o trabalho em espaços independentes, não pertencem ao mundo das vendas e grandes cifras e são convidados para emprestar credibilidade aos mercados. Caso do gaúcho Bernardo José de Souza e da holandesa Carolyn H. Drake, curadores da primeira edição do Prisma, mostra que integra a programação da 5ª edição da ArtRio.

ARTES-03-IE.jpg

Carolyn é diretora do A Tale of a Tub, espaço sem fins lucrativos para debates sobre arte contemporânea, em Roterdã. Bernardo foi curador assistente da Bienal do Mercosul e em junho participou do projeto Curador Visitante, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, organizando a exposição “A Mão Negativa”. A dupla leva para o Pier Mauá, onde este ano reúnem-se galerias de 12 países, uma provocação. “Vamos investigar como a arte se relaciona com o mundo do consumo, o fetiche e a circulação de obras de arte como commodities”, define Bernardo.

Integram a mostra 18 obras de artistas brasileiros e estrangeiros que, sob o prisma dos curadores, desafiam o status quo e os espaços sociais consolidados. Entre eles, “But I’m on the Guestlist Too” (foto), da dupla Elmgreen & Dragset, que interpreta as salas VIP e os hábitos exclusivistas das sociedades estratificadas e “The Adventures of Paulo Bruscky”, em que o artista conceitual pernambucano se lança no mundo digital do Second Life. As escolhas são astutas e vale conferir em que medida o establishment pode ser afrontado no templo do consumo.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias