Feliz que está com o crescimento nas pesquisas da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, o PFL ainda comemorava quando foi pego de surpresa no Paraná. O partido terá de explicar as denúncias de que mais de 90% do dinheiro que promoveu a reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, não teria sido declarado ao TRE, num total de R$ 29,8 milhões. A notícia deixou os pefelistas sem resposta. O governador Jaime Lerner não fala sobre o assunto com a imprensa, mas sua posição é de “apoio e solidariedade” a seu pupilo mais ilustre: Taniguchi é o mais cotado para ser candidato do PFL ao governo em 2002. O prefeito não dá entrevistas, mas atribuiu a autoria das acusações ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que faz oposição cerrada ao grupo de Lerner. Em nota oficial, Taniguchi disse que “as medidas judiciais cabíveis com relação à falsa acusação e aos seus covardes autores já estão a cargo de advogados”.

Ainda durante a campanha, Ângelo Vanhoni (PT), candidato derrotado no segundo turno, chegou a impetrar ações questionando as contas do adversário e denunciando abuso de poder econômico e político do PFL. A papelada que agora veio à tona seria parte do livro-caixa da campanha de Taniguchi, cuja autenticidade foi atestada pelo próprio tesoureiro Francisco Paladino Junior. As anotações de entrada e saída de dinheiro não coincidem com o que foi declarado ao TRE, apenas cerca de R$ 3 milhões. Falsas doações de empresas, que teriam recebido o dinheiro de volta, serviriam para esquentar os valores arrecadados por baixo do pano. Para piorar, cinco fornecedores que aparecem nos papéis, mas não estão na declaração ao TRE, confirmaram que participaram da campanha.

Mais um – Taniguchi é o terceiro prefeito do PFL do Paraná que se envolve em escândalos. Em menos de um ano, acusações de corrupção afastaram Antônio Belinatti, de Londrina, e Jairo Gianoto, de Maringá. Lerner vem sofrendo ainda com o movimento, nas ruas e no Legislativo, contra a venda da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). O Ministério Público do Paraná já está iniciando as investigações sobre o caso do caixa 2. Será a quinta ação proposta para apurar irregularidades da atual gestão municipal. Entre as denúncias criminais já existentes estão duas sobre processos de licitação fraudulenta e duas sobre a emissão de precatórios.

Mas as ações do MP contra o prefeito esbarraram na Justiça estadual. Segundo a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, não foram sequer recebidas pelos desembargadores. Contrariando as declarações do prefeito na quarta-feira 7, as contas de sua campanha não haviam sido aprovadas até aquele dia pelo TRE. Mas no dia seguinte à divulgação da nota oficial, o Tribunal se apressou em fazer o serviço. A esperança da oposição é aprovar uma CPI na Câmara. Para isso, são necessárias 12 assinaturas. A bancada, liderada pelo vereador André Passos (PT), tenta um acordo com o PPS para obter a única que falta.


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