Mais da metade dos 600 mil moradores de cortiço de São Paulo vive na região central da cidade, na maioria das vezes amontoados em cômodos que clamam por manutenção, têm pouca luz e escassa ventilação. Nesses cortiços, minúsculas áreas comuns costumam abrigar um banheiro e um tanque com varal para uso de todos os moradores. Essas pessoas, no entanto, pagam o aluguel mais alto da cidade. “O metro quadrado em cortiço do centro é mais caro do que em apartamento da avenida Paulista”, compara o engenheiro Luiz Tokuzi Kohara, que defendeu uma tese de mestrado na USP sobre o tema. Em 60 cortiços pesquisados, o metro quadrado vale em torno de R$ 13,17, enquanto a média da cidade é de R$ 9. Sem condições de cumprir as exigências do mercado imobiliário formal – como apresentar fiador e comprovante de renda –, a população carente submete-se à especulação. Com isso, se beneficia da infra-estrutura da região e escapa dos altos custos com transporte. “O lucro fica com os proprietários, que alugariam no mercado formal a 0,8 % do valor do imóvel, mas no cortiço recebem até 3,29 % desse valor”, diz o engenheiro.

 
ENDEREÇO:
Rua Helvétia, 788 – Campos Elíseos
Aluguel: R$ 250
Área: 15,95 m
2
Preço por m2: R$ 15,67
O cômodo tem janela, lacrada por
motivo de segurança, daí a lâmpada e o ventilador precisam ficar ligados 24 horas por dia
ENDEREÇO:
Rua Frederico Abranches, 415 – Santa Cecília
Aluguel: R$ 170
Área: 8,05 m
2
Preço por m2: R$ 21,12
Embora o piso de ladrilhos esteja supergasto e o azulejo até a metade da parede esfrie o ambiente, o cômodo é recorde em carestia
ENDEREÇO:
Rua Porto Calvo, 85 – Bom Retiro
Aluguel: R$ 120
Área: 6,5 m
2
Preço por m
2: R$ 18,46
O preço alto se deve à existência da janela, mas o chão é de cimento e as três paredes de compensado impossibilitam a privacidade
ENDEREÇO:
Rua Porto Seguro, 57 – Ponte Pequena
Aluguel: R$ 200
Área: 12,8 m
2
Preço por m
2: R$ 15,62
Apesar de bem iluminado e arejado, o cômodo reflete a umidade vinda do banheiro coletivo, onde também fica a pia de lavar louça e roupa


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