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O temor com a desaceleração da China e seus efeitos na economia global levaram pânico aos mercados mundiais, em um dia que já está sendo chamado de "segunda-feira negra". As bolsas registram fortes perdas ao redor do mundo e o Ibovespa chegou a recuar mais de 6%, abaixo dos 43 mil pontos – o que não ocorria desde fevereiro de 2009. Já o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,579, na máxima do dia.

Às 12h26, o Ibovespa recuperava parte das perdas e cedia 3,60%, aos 44.074 pontos. Mais cedo, o índice bateu 42.749 pontos, na mínima do dia. As ações de Petrobrás, Vale e siderúrgicas são os destaques de queda. No mesmo horário, o dólar tinha alta de 1,86%, cotado a R$ 3,558. A divisa é pressionada pelo tombo das commodities, que atingiram hoje o menor valor do século XXI, e das moedas de países emergentes e exportadores de matérias-primas. Na máxima, a moeda bateu R$ 3,579.

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o Brasil está preparado para enfrentar a volatilidade cambial. "Câmbio flutuante faz com que a taxa câmbio flutue, às vezes excessivamente, nessas situações", disse. Segundo o ministro, o País tem um elevado estoque de reservas internacionais e agenda fiscal de curto, médio e longo prazo, o que traz segurança. "(Isso) garante a consistência da nossa política fiscal e a estabilidade da dívida pública a médio prazo", afirmou. "O mais importante é que o Brasil está preparado para enfrentar esse tipo de volatilidade".

A Bolsa de Xangai, a principal do país, caiu 8,5% nesta segunda-feira, em meio à frustração de investidores que esperavam que o Banco Central chinês (PBoC) adotasse novas medidas para apoiar o sistema financeiro durante o fim de semana. Internamente, as incertezas no campo político justificam parte da demanda defensiva, reforçadas por comentários de que o vice-presidente, Michel Temer, poderia deixar a articulação do governo Dilma Rousseff.

As ações na Índia recuaram a seu nível mais baixo em mais de um ano, acompanhando as baixas nos mercados globais, diante do temor de que uma desaceleração mais forte que a esperada na economia chinesa. O índice S&P BSE Sensex fechou em baixa de 5,9%, em 25.741,56 pontos, em seu patamar mais baixo desde 11 de agosto de 2014. A rupia indiana também caiu perto de sua mínima em dois anos, acompanhando a fraqueza das moedas da região.

Nos Estados Unidos, o sentimento de pânico também diminui. As perdas das bolsas de Nova York foram reduzidas no fim da manhã, depois de o índice Dow Jones registrar a maior queda diária em pontos de sua história no início do pregão desta segunda-feira, de 1.089 pontos. Às 12h51, Dow Jones caía 1,91%, Nasdaq recuava 1,74% e S&P 500 perdia 1,99%. Na abertura de Nova York, as quedas superaram 4% e chegaram a 8% no caso do Nasdaq.

Empresas chinesas. Até agora, os bônus corporativos chineses, com alto retorno para o investidor, vinham sendo relativamente poupados da turbulência nos mercados causada pela preocupação com a economia da China. Nesta segunda-feira, porém, vários emissores chineses viram os preços de seus bônus denominados em dólares registrarem a maior queda diária desde que o mercado de ações do país começou a recuar, em meados de julho.

As companhias chinesas lidam com a desaceleração do crescimento nacional. Enquanto a decisão de Pequim de desvalorizar a moeda, neste mês, é parcialmente voltada para ajudar a economia, ela também preocupa os investidores de bônus, já que torna mais caro para as companhias chinesas pagar juros e o principal, em suas emissões em dólares.