Os cabelos grisalhos e bem cortados são cuidadosamente assentados em um topete. A fala é mansa, baixa e pausada, sem vestígios de arrogância. Sempre com seu estilo low profile, o psiquiatra judeu americano Brian Weiss, 56 anos, está pela quinta vez no Brasil, país que considera campo fértil para as teorias sobre vidas passadas que defende. Com mais de quatro milhões de livros vendidos no mundo, 600 mil só em solo brasileiro, Weiss veio lançar Os espelhos do tempo, exercícios de regressão (Editora Sextante, R$ 21). A obra vem acompanhada de um CD, em que o locutor – com o mesmo tom confessional do psiquiatra – orienta o ouvinte a viajar por suas supostas reencarnações. Esse mesmo disco foi lançado há sete anos nos Estados Unidos com a voz de Weiss. “Lá, 30% das pessoas não conseguiram regredir, mas se sentiram relaxadas só em fazer a meditação”, conta o psiquiatra.

Ao contrário dos terapeutas de vidas passadas que só acreditam em regressões acompanhadas de terapia, Brian Weiss afirma que cada caso é um caso. Em seu consultório em Miami, onde cobra US$ 200 por sessão, 70% dos pacientes conseguem regredir. “O restante não alcança o estado de relaxamento necessário por várias razões. A pressa pelos resultados é uma delas”, diz Weiss. “Os casos mais simples, como fobias, costumam ser curados só com regressão”. Outros necessitam de acompanhamento terapêutico. Para Weiss, mesmo quem não apresenta nenhum problema pode ser beneficiado com os exercícios de meditação do CD. “Funciona”, garante. Para o psicanalista, o método é seguro e jamais levará alguém a perder o controle, embora não seja recomendável ouvir o CD dirigindo um automóvel, claro. “A voz conduz as pessoas a lugares muito profundos de suas mentes”, esclarece.

Durante 40 minutos, o CD ensina exercícios como imaginar-se olhando no espelho e tentar se lembrar da própria imagem no passado, com a orientação de prestar atenção nos mínimos detalhes a sua volta. Ou, ainda, pensar nos diferentes períodos históricos, como a Revolução Industrial ou a Renascença, e verificar com quais deles se identifica mais. Catherine (nome fictício), a paciente que o despertou para o trabalho de regressão ao relatar espontaneamente supostas vivências anteriores, por exemplo, sentia uma atração irresistível pelo Egito antigo, e chegou à conclusão de que “viveu” na época de Tutankamon.

Ex-agnóstico, Weiss acredita que um dos efeitos benéficos de seu trabalho é ajudar as pessoas a perder o medo da morte. Ex-imperadores ou simples mortais, no entanto, terão cada vez menos chances de ser atendidos pessoalmente por Weiss. Ele tem se dedicado a fazer workshops pelo mundo e a formar novos profissionais e reserva pouco tempo para a sua clínica. O psiquiatra tem pacientes e amigos brasileiros. O ex-presidente Fernando Collor contou ter feito uma “viagem” com ajuda de Weiss e “sentiu” que foi D. Pedro I. Sobre o episódio, o psiquiatra prefere não se manifestar. “Não falo sobre os meus pacientes. É uma questão ética.” Mas Weiss não esconde o carinho por outros brasileiros com quem mantém contato. Entre eles, Xuxa, Northon Nascimento, Toni Ramos e Valéria Valenssa. “Ela é muito espiritualizada”, descreve, referindo-se à mulata globeleza.