Construir ilhas de descanso no serviço, criar espaços que estimulem o bate-papo entre os funcionários e agregar conforto à já prazerosa hora do café. Essas solicitações estão se tornando cada vez mais comuns nos projetos de construção ou reforma de ambientes de trabalho. As medidas surpreendem pela eficácia. Melhoram a produtividade, a qualidade do trabalho e as relações pessoais. “O forte hoje é o trabalho em equipe. As pessoas precisam trocar idéias, se conhecerem. Por isso é importante criar ambientes caprichados para um cafezinho”, opina a arquiteta Elisabetha Romano, da Arquigraph, empresa especializada em planejamento de escritórios. Ela explica que os espaços individuais estão menores – já que não é preciso mais do que um computador e um telefone para fazer contato com o mundo – e as áreas comuns cada vez mais incrementadas.

Um exemplo dessa tendência é o projeto desenvolvido para o British Council São Paulo, um centro de relações entre Brasil e Reino Unido, em suas novas instalações na capital paulista. Com muitos palpites dos funcionários, o escritório de 400 metros quadrados tornou-se um espaço iluminado e colorido. Logo depois da recepção, um cantinho caprichado com café expresso propicia a conversa mais pessoal e até um discreto puxão de orelhas. Numa das pontas, uma cozinha completa. “Todo mundo adora ficar aqui. Todos os dias, alguém traz pão e tomamos juntos o café da manhã”, conta Anthea Paterson, gerente-administrativa.

Arquitetura – A busca de melhor qualidade de vida para os funcionários também trouxe alterações na arquitetura empresarial. Várias construções saem da planta com áreas especialmente reservadas para a malhação – no bom sentido – dos funcionários. Outras prevêem espaços para uma massagem rápida ou sessões de relaxamento. Mas apenas uma sala faz a diferença. É no que acredita a Atento, empresa especializada em atendimento telefônico. Em São Paulo, são 1.200 funcionários que trabalham em turnos de seis horas para atender serviços como o 0800, o 102 e o 104 da Telefônica e fazer reservas para shows, parques e passagens aéreas. Para evitar que seus atendentes fiquem à beira de um ataque de nervos, a diretoria providenciou uma “sala de descompressão”. Quando sentem que podem ser pouco receptivos aos clientes, os atendentes interrompem a sequência interminável de ligações. Entram na sala de pouca luz e música suave, tiram os sapatos e deitam nos sofás e divãs à disposição. Apetrechos lúdicos, aparelhos de automassagem, o ruído de uma fonte de água e um suave aroma convidam à abstração.

“A sala de recolhimento deve facilitar o relaxamento e a meditação. Sua eficiência depende de detalhes como a cor das paredes, o conforto dos estofados”, explica a psicopedagoga Sofia Guimarães, que orientou o projeto. “Às vezes, os clientes ligam nervosos. Temos que atender todo mundo sem perder a cordialidade”, explica o funcionário Frederico Castilho, 21 anos. “Quinze minutos na sala nos renova”, diz.

Outra empresa que acredita na força de um refresco é a Ambev, que surgiu da união da Antarctica e da Brahma. Em suas unidades, sempre há um espaço regado a refrigerantes. Em São Paulo, existe um bar agregado ao escritótio. À vontade, os funcionários fazem reuniões, atendem clientes e fecham negócios no “Bar da Gente”. O diretor de Gente e Qualidade (antigo departamento de Recursos Humanos) da empresa, Maurício Luchetti, assegura que ninguém faz hora lá. “O entrosamento da turma traz mais prazer ao trabalho. Gostamos de dizer que as melhores idéias nascem no balcão, quando a cabeça está desanuviada”, defende ele. Alguém ousa contrariar?