Agência Brasileira de Informação (Abin) descobriu que o jornalista Andrei Meireles, um de nossos editores da sucursal de Brasília, foi comunista. Ao sair para as suas minuciosas investigações, os agentes muito provavelmente erraram de carro. Em vez de embarcar em algum dos discretos veículos operacionais da agência, eles acabaram entrando numa máquina do tempo. Daquelas que podem ser vistas em filmes, com os anos regredindo ou progredindo no mostrador do painel e com a história passando pela janela.
No caso da engenhoca da Abin, é bom que se diga, o relógio só andou para trás e as cenas externas foram teimosamente ignoradas pelos agentes. Não viram passar, por exemplo, a demolição daquele muro que dividia a Alemanha. E, principalmente, não levaram em conta o fim do reinado militar aqui no País, quando era normal xeretar a vida alheia e rotular disto ou daquilo qualquer cidadão. Tempos em que a Abin era SNI e os chefes eram golberys, ninis e figueiredos. Confundiram-se ainda mais ao entregar o resultado de suas bisbilhotices ao general Alberto Cardoso. Pelo menos é o que dá a entender o general responsável pela agência em entrevista ao próprio Andrei Meireles, o nosso comunista, que se fez acompanhar do repórter Ricardo Miranda e de Tales Faria, chefe da sucursal de Brasília.

Em entrevista à revista Veja, Andrei declarou orgulhar-se do seu passado. Coerente e sensato. Quanto a nós da redação de ISTOÉ, nos orgulhamos muito do passado, do presente e do seu futuro aqui conosco.


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