Filha do cineasta Francis Ford Coppola, fotógrafa conceituada, estilista e diretora do elogiado curta-metragem Lick the star, Sofia Coppola ficou tão maravilhada com o romance Virgens suicidas (Rocco, 216 págs., R$ 20), livro de estréia do greco-americano Jeffrey Eugenides, de 1994, e só agora lançado no Brasil, que decidiu transformá-lo em roteiro. E foi além. Sofia também dirigiu Virgens suicidas (Virgin suicides, Estados Unidos, 1999), em cartaz em São Paulo, filme que reproduz em flash-back a narrativa feita por garotos que cresceram obcecados pelo suicídio de cinco jovens nos anos 70. Elas eram as irmãs Lisbon, prisioneiras de uma redoma de sexualidade reprimida conforme rege a mediocridade do interior dos Estados Unidos. Como irradiavam desejo pelos poros, a partir do suicídio da primeira, a família inteira degringola gerando uma história de ficção com alta dosagem de necrofilia implícita.

Ao custo de US$ 6 milhões, a fita marca a estréia em longa-metragem desta diretora de 29 anos, personalista e talentosa. Neste trabalho, que já nasceu com aura cult, Sofia contou com as presenças de Kathleen Turner e James Woods como o casal Lisbon; Danny DeVito numa ponta; Kirsten Dunst (a menina diabólica de Entrevista com o vampiro) na pele de Lux Lisbon, a irmã mais sexy; e Josh Hartnett, da nova geração de bad boys hollywoodianos, no papel de Trip Fontaine, o garanhão da escola. A trilha retrô chique, encomendada à badalada dupla francesa Air, foi pontuada com sucessos de época como I’m not in love, com 10 C.C., e Alone again, com Gilbert O’Sullivan, entre outros. São molduras sonoras ideais para um filme extremamente sensual sobre um assunto extremamente mórbido.


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