Uma mania irresistível está cortando o céu e o mar do Rio. Chama-se kite-surfe (surfe de pipa, em inglês), esporte que mistura surfe, windsurfe, parapente e wakeboard (aquele com uma prancha ligada a uma lancha). Consiste em executar manobras numa prancha sobre a água com a ajuda de uma pipa em forma de pára-quedas. Enquanto os pés ficam encaixados em alças na prancha, as mãos seguram uma barra na qual se prende a pipa, que varia entre 30 e 40 metros de altura. Tal qual um guidão de bicicleta, o surfista deve manobrar no vento, para ir mais rápido ou devagar. Com a força do vento na pipa, a prancha e o surfista “voam”, ainda que por alguns segundos, até cair na água de novo.

Como toda boa novidade, o kite conquistou dezenas de adeptos no Rio. A cidade prepara-se para sediar pela primeira vez, no início de dezembro, uma das etapas do campeonato mundial da modalidade. “Você voa a metros de altura. A sensação é de ser um super-homem”, tenta explicar Daniela Monteiro, de 21 anos, apresentadora do Sportv. Ela conheceu o kite no Havaí no início do ano e nunca mais deixou de praticar. Além da possibilidade de “voar”, o kite conquista fãs pela praticidade de transporte, já que pode se transformar numa pequena mochila. Apesar de parecer difícil à primeira vista, os iniciados garantem que é fácil aprender. O máximo que pode acontecer é ser carregado metros à frente da praia, e ter que voltar andando.

Renato Velasco

Com uma aula teórica apenas, normalmente sem prancha, é possível aprender a controlar a pipa e o vento, o grande segredo do kite. Depois, basta cair n’água, ganhar confiança e começar a se aventurar nas manobras. “É bem mais fácil do que o windsurfe, e o mar não precisa estar grande. Basta haver vento”, explica o francês Richard Boudia, de 24 anos, que está no Rio com outros amigos treinando para o campeonato. Foi na França que o esporte nasceu, há pouco mais de cinco anos, onde é bastante popular, principalmente no sul. O kite foi criado por um windsurfista cansado de carregar seu pesado equipamento ou, volta e meia, ter suas velas rasgadas pela força das ondas. Logo chegou ao Havaí, meca mundial do surfe, onde foi aprimorado e onde hoje são fabricadas as melhores pipas.

Foi nas ilhas havaianas, no início do ano, que os surfistas brasileiros conheceram o kite-surfe, e começaram a praticá-lo por aqui. “O Rio é um ótimo lugar para aprender, porque não venta muito forte, nem todos os dias”, diz o praticante Marcus Vinícius Leite. Marcus é dono da loja High Wind, que comercializa equipamentos de surfe e afins, e já vendeu 40 pipas nos últimos meses. Por enquanto, só há pipas importadas, que custam entre R$ 1.6 mil e R$ 3 mil. Agora, além de boas ondas, é preciso torcer por bons ventos.


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