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Após avançar em maio, a produção industrial voltou a encolher em junho e acumulou queda de 6,3% no primeiro semestre do ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O recuo foi de 0,3% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. A queda veio dentro das expectativas dos analistas e foi registrada após uma alta de 0,6% no mês anterior – a qual foi vista com cautela por analistas e pelo IBGE.

Segundo o instituto, o novo recuo em junho ratifica a avaliação de que o avanço de 0,6% no mês anterior não significava reversão na trajetória de perdas. André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, destaca que nos últimos dez meses, a atividade cedeu em sete, um sinal do menor dinamismo do setor.

Em relação a junho de 2014, a produção teve queda de 3,2%, a 16ª taxa negativa consecutiva – uma marca inédita na série do IBGE, iniciada em 2002 (veja o gráfico abaixo). Apesar disso, o recuo foi menos intenso do que os observados em abril (-7,9%) e maio (-8,9%).

"A indústria volta a operar no campo negativo após um movimento de expansão. Mesmo no mês anterior (maio), ainda assim a leitura era de um movimento de redução de ritmo na produção industrial, não eliminava perda recente. O resultado de junho vem a confirmar leitura que a gente já faz há algum tempo, de que não reverte trajetória descendente da produção industrial", disse Macedo.

O gerente notou ainda que houve predominância de perdas na atividade, com queda em 15 de 24 ramos pesquisados pelo IBGE. Mesmo em segmentos que tiveram aumento na produção, Macedo observou que os desempenhos positivos estão concentrados na categoria de bens de consumo semi e não duráveis.

Enquanto a produção geral teve queda, a categoria de bens de consumo semi e não duráveis mostrou alta de 1,7% na produção em junho ante maio. "Os soluços na produção têm a ver com melhora no nível de estoque de determinados segmentos. Os bens de consumo semi e não duráveis estão mais próximos de uma determinada normalização de seus estoques do que outras categorias", explicou o gerente.

Mesmo assim, o comportamento recente não anula as perdas anteriores. De outubro do ano passado a abril de 2015, a categoria teve queda acumulada de 8,5%. Em maio e junho, os resultados positivos significaram avanço acumulado de 2,9%, segundo o IBGE.

Já a produção de bens de consumo duráveis teve em junho o nono mês de queda em relação ao mês imediatamente anterior. Com isso, a categoria acumula no período uma retração de 26,2%, calcula Macedo. Segundo ele, o setor de veículos é o principal impacto negativo no setor.

"O setor de veículos é o que apresenta estoques acima do habitual", explicou. Só no primeiro semestre, a atividade mostrou perda de 20,7% na produção em relação a igual período de 2014, segundo o órgão.