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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou hoje (28) que o ajuste fiscal é compatível com o crescimento da economia e que as metas devem ser superadas nos próximos dois anos. O ministro disse que o Brasil passa por momentos de transformação, em que é preciso encontrar caminhos para evitar a crise. “A turbulência é passageira e acredito que a economia vai retomar o caminho de crescimento. É um processo que tem momentos mais difíceis, mas que chegará a um termo.”

Levy ressaltou a importância de se entender a centralidade e a manutenção do ajuste fiscal e também de reconhecer que certas incertezas têm pesado na economia. O processo de ajuste está avançando dentro do padrão normal, de acordo com o minitro. Empresas têm se adaptado, algumas já têm condições de voltar a crescer.

Vamos fazer todos os esforços, alinhando entendimento com o Congresso para garantir uma previsibilidade fiscal que dê tranquilidade também em relação à dinâmica da dívida. "Temos uma dívida relativamente grande e temos que estar atentos a sua trajetória. Para isso, temos que tomar decisões no campo fiscal, no campo do gasto, darmos sinalizações que sejam favoráveis à tranquilidade dos mercados", disse.

O ministro reconhece o momento de incertezas da economia e ressalta que é importante ser realista e transparente quanto ao compromisso com o ajuste fiscal. “É preciso priorizar despesas e discutir o quanto que essas despesas nos levam a resultados. Temos que avaliar a eficácia, eficiência do gasto para podermos ver a trajetória fiscal. Uma trajetória que dê segurança aos agentes econômicos.”

Levy afirmou ainda que o Brasil enfrenta um momento de oportunidades, de tomar decisões para consolidar o progresso feito nos últimos dez anos. As declarações foram feitas hoje na cerimônia de comemoração do aniversário de 40 anos da Escola de Administração Fazendária (Esaf). A entidade faz parte da estrutura do Ministério da Fazenda e seleciona, em todo o país, servidores capacitados para trabalhar na gestão das finanças públicas.

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Aumento da Selic é mal necessário, diz economista
Crédito mais caro e menos acessível, economia em queda, maior risco de desemprego e endividamento das famílias. Esse é o cenário traçado em momento de aumento da taxa básica de juros, a Selic. Mas, o aumento dos juros é considerado um “mal necessário” pelo diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, para conter a alta dos preços, que influencia a renda dos trabalhadores.

“Em uma economia que já está em retração, subir juros agrava mais esse quadro. Mas é aquela história do mal necessário. Melhor subir juros para poder reduzir a inflação do que não fazer nada e ver o risco subir”, disse o diretor da Anefac.

A diretoria do BC tem reiterado que a melhor contribuição da instituição para um novo ciclo de crescimento econômico é trazer a inflação para a meta de 4,5% no final de 2016 e ancorar as expectativas. No início do mês, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva, defendeu os ajustes na economia, com cortes em gastos públicos e aumento da Selic, para que haja um realinhamento de preços no país.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Reunião Copom
Hoje (28) e amanhã (29) será feita a quinta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável por definir a taxa básica de juros. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, após passar por seis altas seguidas de 0,5 ponto percentual.

Para Oliveira, o Copom pode reduzir o ritmo de aumento dos juros para 0,25 ponto percentual na reunião desta semana, mas “não será surpresa” se o comitê optar por manter o aumento de 0,5 ponto percentual. Na avaliação de instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, o comitê deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual.

Oliveira lembra que o Copom deve avaliar o cenário econômico com dólar mais alto, o que impacta negativamente a inflação. Isso porque os insumos importados ficam mais caros e pressionam ainda mais a inflação. A alta recente do dólar, que ontem (27) fechou vendido a R$ 3,364, é influenciada pelo anúncio do governo de redução da meta de superávit primário, economia para o pagamento de juros da dívida pública. Com a redução da meta para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no país –, há risco de o Brasil perder o grau de investimento das agências de classificação de risco. Há ainda fatores externos que influenciam a cotação do dólar, como a desaceleração da economia chinesa.

Nesse cenário, Oliveira orienta os cidadãos a evitar fazer dívidas, principalmente as de longo prazo. “Se tiver que fazer um empréstimo, que seja de prazo mais curto, pesquisar e procurar linhas mais baratas como o crédito consignado”, disse. Oliveira acrescentou que a cautela é essencial no atual momento de crise econômica. “O momento agora é ser conservador, ter um controle maior do seu orçamento. Até porque tem um ambiente que pode perder o emprego. A renda já está sendo afetada por um conjunto de fatores, como inflação mais alta, impostos e juros altos.”


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