anzolpreda79.jpg

 

 

Não é história de pescador. O indonésio Yustinus Lahama e seu filho Sabato levaram um susto quando o anzol com o qual pescavam foi violentamente puxado no mar de Sulawesi do Norte, nas ilhas africanas de Zanzibar. Peixe grande é o que lá não falta, mas o puxão que veio das águas superou todos os outros com que Yustinus já está acostumado. O que viria do mar? O que viria se debatendo com isca e gancho na boca? Impossível imaginar, mas veio um peixe primitivo que os cientistas imaginavam extinto há 80 milhões de anos.

 

 

anzolpreda791.jpg

 

 

Trata-se de um raríssimo exemplar de celacanto (Coelacanth), peixe que até agora só tínhamos visto em livros de história natural. “Estranhei a força descomunal com que o animal puxou a linha. Naquele momento percebi que não era um peixe comum”, disse Yustinus Lahama. Com seus 51 quilos e 1,31 m de comprimento, o celacanto lutou o quanto pôde, levando pai e filho a unir forças para fisgá-lo. Esse peixe marinho apresenta lóbulos carnosos cobertos por escamas, na base de suas nadadeiras, e cauda arredondada. Chamado há muito tempo de fóssil-vivo pelos especialistas, pensava- se que ele tivesse desaparecido completamente na mesma época em que os dinossauros foram engolfados e sucumbiram. A natureza não se cansa, no entanto, de proporcionar surpresas ao homem. Agora sabemos que pelo menos um celacanto pré-histórico restava vivo no mar de Sulawesi. A família Lahama fez, para a humanidade, o desfavor de matá-lo. Talvez agora a sua espécie esteja de fato extinta. Assim que o fruto da pescaria chegou às mãos do biólogo indonésio Grevo Gerung, professor da Universidade de Sam Ratulangi, foi montada uma piscina de água salgada na esperança de que o celacanto recobrasse forças. Inútil UTI, ele morreu 17 horas depois. “Fora do seu habitat esse peixe só consegue viver por duas horas”, diz Gerung. “Esse celacanto foi um herói em resistir por tanto tempo”.