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Na véspera da divulgação do relatório de avaliação de despesas e receitas do Orçamento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira, 21, que há espaço para um novo corte de gastos com "vigor e realismo". "Com discricionariedade, sim", disse. Ele surpreendeu os jornalistas que acompanham o dia-a-dia do Ministério da Fazenda ao entrar no comitê de imprensa para uma conversa informal com os setoristas. No encontro, ele evitou as insistentes perguntas sobre a manutenção da meta fiscal em 1,1% do PIB.

Levy traçou um cenário difícil para a economia e preferiu afirmar: "estou indicando a mudança de cenário, uma mudança significativa, e temos de responder com vigor mais realismo". Ele fez questão de ressaltar, ao ser questionado se defendia a manutenção da meta, que nunca tinha se expressado sobre isso. "Temos de aguardar amanhã, não vou me precipitar sobre um assunto que é adequadamente conduzido", afirmou.

Diante de uma pergunta sobre se uma redução da meta não daria um sinal negativo ao mercado financeiro, Levy respondeu: "Depende do que se faz, qual é a estratégia. A situação fácil não é. Alguém está achando fácil? A gente diz que é fácil?", afirmou. Ele disse que o governo vai conduzir esclarecimentos sobre o quadro fiscal de forma bem transparente e mostrar o porque das receitas terem caído. Levy afirmou que nesta quarta-feira, 22, na divulgação do relatório, o governo vai traçar um "mapa" da estratégia e que o recado principal da sua fala era que "continuamos tendo uma estratégia fiscal que responde às circunstâncias e garantem nossos objetivos".

O ministro disse que a economia brasileira desacelerou nem tanto pelo impacto do ajuste. Ele disse que as desacelerações já vinham ocorrendo e que o governo está tomando as medidas cabíveis. O ministro afirmou ainda que o governo está trabalhando para aumentar as receitas e que vai considerar amanhã, no relatório, a abertura de capital do IRB e da Caixa. "São estimativas que teremos de trabalhar, a função do governo é fazer acontecer", afirmou. Ele também disse que a regularização de recursos no exterior não declarados garantirá recursos para o governo. Levy informou que em breve o ministério da Fazenda prepara uma estimativa sobre o ingresso de receitas nas cobranças dos processos já julgados do Carf.

Levy afirmou ainda que mudar a meta fiscal não significa o fim do ajuste. Instado a dar uma interpretação à sua fala, disse que não cabia antecipar qualquer movimento em relação à meta. "Não há nada o que mencionar agora", afirmou. "A questão é que vamos ter que trabalhar na economia, se a meta é A, B, C ou D, é a meta que a gente considera realista e factível", observou.

Apesar de não querer falar sobre a manutenção da meta, Levy foi taxativo ao afirmar que o relatório de avaliação bimestral de despesas e receitas tem de ser realista. "O relatório tem de refletir a realidade", frisou. "Temos de fazer o trabalhinho de contingenciamento sem drama. Tem de contingenciar e pronto", argumentou. O ministro negou que vá fazer mudanças na meta apenas em novembro.

Segundo Levy, o relatório bimestral terá de prever, por exemplo, alguma compensação pela demora na aprovação do projeto de lei que reduz a desoneração, o qual o governo esperava ter sido votado no início do ano. Durante a conversa repetiu uma mesma frase várias vezes: "Teremos uma estratégia que lide com a situação com vigor e realismo". As palavras vigor e realismo foram repetidas várias vezes pelo ministro como um novo mantra para a política fiscal.

O ministro fez questão de frisar que em seu recado, o ponto considerado por ele como o mais importante, é que as coisas serão tratadas com tranquilidade. "A agente tem sinalizado que vamos fazer com total responsabilidade, transparência e harmonia", observou. Durante toda sua fala, quis mostrar que a situação brasileira hoje é muito diferente de outras crises pelas quais o País passou. Ele lembrou que, agora, temos reservas internacionais.