Chegou a hora do PMDB! Assim estão convencidos todos os seus partidários. Eles acreditam que poucas vezes a sigla teve um cenário tão favorável a sua ascensão e querem assumir o País. Seja já, com um eventual afastamento da presidente Dilma, seja nas eleições de 2018. O certo é que a tendência de ruptura da aliança do partido com o PT segue em curso. O sinal mais claro dessa possibilidade foi emitido, na semana passada, justamente pelo vice-presidente, Michel Temer, que assumiu publicamente, com todas as letras, que o PMDB quer ter candidato próprio em 2018. No que depender de seus correligionários, também expoentes da agremiação, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, a separação está desde já sacramentada. “A aliança (do PMDB) com o PT acabou, é um casamento com gente dormindo em camas separadas”, disse Eduardo Cunha. Ele e Renan, sob forte pressão pelas investigações da Lava-Jato, acreditam que o Governo se articula para fragilizar o Congresso e por isso estão dispostos a partir para a retaliação. Irritados com as ações e ameaças constantes, e embalados pela avalanche de denúncias que podem inviabilizar de roldão o mandato de Dilma, cogitam até a abertura do processo de impeachment tão logo o relatório do TCU chegue e seja analisado no parlamento. As próximas semanas serão decisivas nesse sentido. Apesar do recesso no Congresso, vários movimentos vêm sendo planejados, entre os quais a abertura de novas CPIs para apurar desvios no BNDES e nos fundos de pensão, que colocariam ainda mais carga de acusações sobre a presidente. A pauta sem trégua de ataques manda por água abaixo o chamado presidencialismo de coalizão. Como bem definiu um deputado dos quadros do PT, Dilma não consegue mais nada no Congresso. “Está praticamente inviabilizada naquela casa”, afirmou. No confronto de forças projeta-se a figura conciliadora de Michel Temer. Tido, até por adversários, como a alternativa constitucional mais aceitável neste momento de turbulência, Temer é bem visto inclusive por alas do PSDB. Parte do tucanato enxerga nele um caminho de transição negociável e peça decisiva para a rearrumação do jogo político. A ideia de “sangrar” a presidente até 2018 com a pororoca de revelações que ainda está por vir, parece demasiadamente custosa. Em todos os sentidos. Com a economia paralisada e o agravamento da situação social, poucos veem chances de o País alcançar a estabilidade arrastando a agonia de Dilma e fechando os olhos a suas pedaladas e desmandos indefinidamente. O bloco majoritário de congressistas quer, pelas vias legais, encontrar soluções rápidas de governabilidade. Para o mais breve possível. No que tange ao PMDB, ele elabora a toque de caixa um projeto de gestão com 15 pontos que considera fundamentais na “reconstrução” do Brasil e na solidificação dos fundamentos macroeconômicos. No escopo de seu plano fica implícito o desejo de liderar o processo. É visível a olho nu: o sonho de conquista do Planalto pela esquadra peemedebista nunca esteve tão próximo. Mas ele tende, naturalmente, a se distanciar à medida que se aguarde pela próxima eleição. Afinal ali existirão vários outros candidatos pleiteando o posto. Inclusive, e principalmente, o PSDB. Em virtude dos “tempos sombrios”, como classificou Renan Calheiros, o desfecho no tabuleiro pode sair bem antes. 


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