Em um dos raros dias de temperatura amena dos Jogos Pan-Americanos de Toronto até agora – fazia 16 graus do lado de fora –, a piscina do Markham Pan Am Centre fervia. Momentos antes do início da partida que definiria o ouro no polo aquático, entre Brasil e Estados Unidos, o capitão Felipe Perrone falava aos companheiros na água. Pedia atenção, garra e apoio mútuo. Do outro lado, a equipe americana chamava os adversários para a batalha. Estavam “mordidos”. Duas semanas antes, haviam perdido o 3º lugar na Liga Mundial para o time do Brasil, nos pênaltis. No Canadá, conseguiram a vingança. Em uma partida tensa, os americanos venceram por 11 a 9. Ouro para os EUA, prata para o selecionado brasileiro. Mas a história não acaba aí.

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O segundo lugar do polo aquático masculino do Brasil em Toronto é a face mais recente de um bem-sucedido projeto para tornar um esporte praticamente desconhecido no País em potencial medalhista na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. A iniciativa incluiu a contratação, há apenas um ano e meio, do técnico croata Ratko Rudic, quatro vezes campeão olímpico, e a naturalização ou repatriação de diversos atletas (cinco estavam em Toronto). É o caso do próprio Perrone, carioca que tem passaporte espanhol e fez carreira na Europa. Até agora, o time tem justificado o investimento. Na Liga Mundial, além do inédito terceiro lugar, o Brasil conseguiu vencer a campeã olímpica Croácia. Para o técnico Rudic, a prata em vez do ouro em Toronto não altera os planos. “Há um projeto para a Olimpíada e nada muda”, disse. Segundo Adrià Delgado, espanhol que conseguiu a naturalização para jogar no time brasileiro, a equipe deverá estar no auge daqui a um ano. “Claro que queríamos o ouro no Pan, mas levamos a derrota como aprendizado para chegar ao Rio na melhor forma”, diz.

Foto: Jonne Roriz/Exemplus/COB