A descoberta de movimentações financeiras do petrolão em bancos nos Estados Unidos levou o juiz Sérgio Moro a autorizar a PF e o Ministério Público a buscarem ajuda do FBI. Há poucas semanas, uma equipe de investigadores esteve em solo americano. Tiveram acesso a registros bancários que somam R$ 800 milhões. Além de entregarem os titulares desses depósitos, os investigadores prometeram analisar por engenharia reversa o uso de offshores por agentes públicos, empreiteiros e políticos. “Eles têm acesso a toda e qualquer operação de remessa feita do Brasil para paraísos fiscais no Caribe, na Europa e na Ásia”, garante um procurador.

CONF-ABRE-IE.jpg

Rede global
Além da viagem aos EUA, os investigadores já estiveram antes na Suíça. O próximo destino pode ser Hong Kong, onde ­foram identificadas várias offshores. No Brasil, a diversificação da origem e dos tipos de crimes apurados pela Lava Jato obrigou a força-tarefa sediada em Curitiba a criar núcleos de investigação em cidades como Brasília e São Paulo.

A conta de luz do PMDB
O ministro de Minas e Energia Eduardo Braga (PMDB-AM) nomeou seu chefe de gabinete, Willamy Frota, para o conselho da Eletronorte. Mas quer torná-lo presidente para trocar toda a diretoria. Braga e Frota moram num conhecido condomínio de Manaus que foi poupado no apagão de 2008.

Curto na Eletronorte 
Braga também quer a cabeça de Adhemar ­Palocci, o intocável diretor de Planejamento da Eletronorte. Irmão do ex-ministro da Casa Civil, “Palocinho” já teve seu nome citado na Operação Castelo de Areia e ressurgiu na Lava Jato como intermediário de propinas.

Charge.jpg

Metal entre cristais
A escolha do delegado Mario Fanton para investigar o suposto grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef parece ter sido sob medida… para criar confusão. A despeito da competência, Fanton tem temperamento difícil e acumula na carreira vários embates com colegas.

Chapéu furado
Ciro Gomes, diretor-presidente da Transnordestina Logística, foi ao Banco do Nordeste solicitar um empréstimo de R$ 1 bilhão. A resposta oficial ainda não veio, mas a presidente Dilma já mandou a equipe econômica negar a dinheirama.

Advogados na mira
A PF apura se escritórios de advocacia serviram de cobertura para operações do petrolão. Nestor Cerveró morava num apartamento em nome do advogado Marcelo Mello, do escritório Tauil, Chequer & Mello, que assessorou a Petrobras na compra de refinarias no exterior e fez doações para campanha do ex-presidente da estatal José Eduardo Dutra (PT/SE).

Um vice brilhante
O vice-presidente ­Michel Temer abriu a agenda oficial na semana passada para receber Roberto Stern, dono da HStern. O maior joalheiro do País foi acompanhado pelo diretor comercial. Do lado de fora do gabinete, funcionários especulavam sobre o motivo da ­inusitada reunião.

Campanha na rua
Com a polêmica operação de busca e apreensão contra Fernando Collor e outros ­políticos da Lava-Jato, o procurador-geral Rodrigo Janot apela para o “tudo ou nada”. Enquanto se cacifa junto aos colegas para a eleição da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) que elaborará a lista tríplice a ser envida à presidente Dilma, manda um recado ao Palácio e ao Senado sobre o que poderá fazer antes do fim de seu mandato em setembro. ­Concorrem com Janot Carlos Frederico, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge, mas nenhum tem a “máquina” na mão.

Erga omnes cardozus
O ministro José Eduardo Cardozo diz achar que só há crime de lavagem quando há “ciência daquele que recebeu a doação”. Nenhuma novidade. Para responsabilização criminal, deve haver dolo. Nas ações penais contra o ex-tesoureiro João Vaccari, Moro quer a prova de que intermediários ou beneficiários de doações eleitorais sabiam que o dinheiro vinha do petrolão.

Toma lá dá cá

CÁSSIO CUNHA LIMA, líder do PSDB no senado

CONF-02-IE.jpg

ISTOÉ – A oposição apoiará o projeto de repatriação de recursos não declarados para aumentar a receita do governo Dilma?
Cunha Lima –
Não vamos votar um projeto dessa envergadura sem um profundo debate. No desespero para cobrir o rombo nos cofres públicos, o governo pode servir aos interessados em lavar dinheiro sujo.

ISTOÉ – Quanto se espera arrecadar com essa iniciativa?
Cunha Lima –
A estimativa é de uma soma entre R$ 25 bilhões e R$ 70 bilhões num prazo de 120 dias após a aprovação da lei.

STOÉ – Está no colo do Congresso a decisão de ajudar o governo a honrar seus compromissos financeiros?
Cunha Lima –
É como um banquete em que o governo comeu e bebeu até o fim da festa e agora chama o Congresso para limpar o salão.

Rápidas

* Presidente da CPI da Petrobras, o deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), tem jantado sozinho em restaurantes de classe média de Brasília. Come, paga a conta e vai para casa em carro comum. Pode estar fugindo do assédio ou vivendo um ostracismo antecipado.

* A despeito da aliança com o PSDB no âmbito estadual, o PP de São Paulo quer ter candidato próprio à Prefeitura em 2016. O nome mais cotado é do deputado Antonio Assunção de Olim, o delegado Olim, líder do partido na Alesp.

* A presidente Dilma Rousseff foi vista em suas pedaladas matinais bem longe do perímetro de segurança do Palácio do Alvorada. Ela e um guarda-costas estavam na altura da QI 9 do Lago Sul, quase dez quilômetros de distância. Não sabe se chegou lá de carona.

* Projeto apresentado pelo deputado Benjamin Maranhão (SD-PB) quer que acordos de leniência sejam submetidos a uma comissão mista especial, no Congresso, retirando da Controladoria Geral da União (CGU) a prerrogativa de negociar com empresas investigadas.

Retrato falado

A cada medida impopular do governo Dilma, novas vozes do PT se insurgem. Paulo Paim (RS) e Lindbergh Farias (RJ) se opuseram recentemente a mudanças na aposentadoria propostas pelo Palácio do Planalto. Na semana passada, Walter Pinheiro (BA) subiu à tribuna do Senado para criticar o pacote de ajuste fiscal. Foi aplaudido pela oposição.

CONF-01-IE.jpg

Zona de rebaixamento
O ex-deputado Ricardo Gomyde (PCdoB) faz lobby para comandar a recém-criada APFUT, autoridade pública de governança do futebol profissional. Gomyde foi assessor do Ministério do Esporte, mas caiu na última reforma. Em 2014, ele tentou sem sucesso uma vaga no Senado e tampouco conseguiu a presidência da Federação Paranaense de Futebol.

CONF-03-IE.jpg

O balé de Vicente Cândido
Em 2011, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) usou a tribuna da Câmara para divulgar a turnê do Balé Nacional de Cuba com o espetáculo “A Lenda da Água Grande”. O petista só não mencionou que o projeto era tocado por sua filha Tayná Mayara com uma certa Cooperativa Cultural Brasileira, que conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar cerca de R$ 2,5 milhões em patrocínio via Lei Rouanet, para apresentações em cinco estados e no Distrito Federal.

Colaborou Josie Jerônimo
Fotos: Ricardo Borges/Folhapress; Jefferson Rudy e Lia de Paulo/Ag. Senado