Dificilmente uma conversa hoje sobre forma física e dieta não caia na ingestão do whey protein. Suplemento alimentar à base da proteína retirada do soro do leite, o produto tornou-se uma febre entre quem treina – especialmente atividades intensas e de força – e também entre muita gente que deseja emagrecer. É responsável por 60% das vendas no mercado de suplementos nutricionais do País, um dos poucos imune à crise econômica (registrou um aumento de 4% somente no primeiro trimestre do ano). Em geral, o produto é consumido em forma de shake, mas a onda ganhou tamanho tão grande que é possível encontrá-lo como ingrediente de fórmulas de bolos, massas, sorvetes, biscoitos e até shampoos.

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DO JEITO CERTO
Depois de consulta médica, Correa toma a quantidade
necessária para seu organismo

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Por se tratar de um suplemento protéico, o whey tem a indicação de favorecer o ganho de massa muscular e também a sua recuperação. Isso, porém, para quem não atinge os limites preconizados das necessidades diárias de proteína. E eles variam de acordo com o tipo físico, a dieta alimentar e o nível de atividade física de cada um. “Uma pessoa que já ingere muita carne, por exemplo, não precisa deste complemento”, diz a médica carioca Márcia Umbelino.

A atual moda de consumo do suplemento preocupa os especialistas exatamente por isso: se consumido de forma abusiva, pode trazer prejuízos à saúde. “O risco é haver uma sobrecarga para o organismo, especialmente sobre o fígado e os rins, comprometendo o funcionamento desses órgãos”, afirma Antônio Garcia, coordenador do Conselho Federal de Nutricionistas.

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Por essa razão, a recomendação é procurar a orientação de médicos e nutricionistas antes de optar pela adesão ao whey. O psicólogo carioca João Carlos Correa, 48 anos, aderiu antes, e quando consultou sua médica particular a respeito, levou uma bronca. “Tomava de forma irregular”, lembra. “Seguia a tendência do pessoal da academia de ginástica. Lá, a maioria das pessoas usa sem acompanhamento médico algum.”

Correa tinha medo de engordar e por isso trocava uma refeição inteira por um copo de shake com o suplemento. “Minha médica me alertou que, daquela forma, o consumo não trazia benefício”, conta. Após diversos exames de sangue e análise de metabolismo, detectou-se que seus níveis de proteína estavam, de fato, abaixo do limite. O suplemento era necessário. Mas na quantidade certa para ele. “Hoje, continuo tomando em formato de shake, mas não o substituo por uma refeição. Uso como complemento apenas”, afirma. “Sinto mais energia, força e melhora na musculatura.”

Foto: Renato Velasco