Paulo Coelho é um escritor de sucesso e isso não é novidade. Também não é novidade que ele é atingido por algumas síndromes que assolam a nós brasileiros. Excesso de sucesso incomoda, gera preconceitos e prejudica o julgamento: gostar ou não de Paulo Coelho. A crítica especializada não gosta. Mas não é por isso que ele deixa de fazer sucesso. No ano 2003, foi quem mais vendeu livros no mundo e os números são realmente impressionantes. Em toda a sua carreira teve 19 obras editadas, das quais vendeu 65 milhões de exemplares, oito milhões só no Brasil. Seus livros foram traduzidos em 57 línguas e vendidos em 156 países. O lançamento de O Zahir, agora no dia 21 de março, é também superlativo. Serão oito milhões de exemplares colocados à venda em 83 países, em 42 idiomas. E é só a tiragem inicial. Com a grandiloquência de toda essa numeralha, seria até normal esperar de seu autor atitudes pouco agradáveis, como arrogância, excesso de confiança ou soberba. Seria normal, mas desagradável. E ainda bem que não é assim.

Tanto não é que, na quarta-feira 16, cinco dias antes do lançamento de seu novo livro, Paulo Coelho, depois de ser entrevistado por Eliane Lobato, da sucursal do Rio, sentou para escrever um texto especialmente para ISTOÉ e seus leitores. Além de muito honrados em publicar os nove mil e poucos caracteres gerados em seu computador, ficamos também agradavelmente surpresos com a eficiente e cálida simplicidade de seu conteúdo. A descrição de seu processo de criação e de suas humanas inseguranças em relação à aceitação/rejeição de seu trabalho é tocante. Nada a ver com soberba ou arrogância. E é um privilégio acompanhar o paralelo que ele faz entre a trajetória de uma flecha, impulsionada pela corda de um arco, e o lançamento de seu livro. Bom proveito.