Na juventude, o diretor inglês Nick Park passava horas trabalhando numa avícola – com seu salário, queria comprar uma câmera super 8. Até que, certo dia, enquanto depenava galinhas mortas, foi surpreendido por uma delas que, ainda viva, começou a bater suas asas desesperadamente. Assustado e comovido, desde então, Park, que tinha uma galinha de estimação chamada Penny, nunca mais se aproximou da máquina de destrinçar aves. Mais de duas décadas depois, sua visão de pesadelo serviu de inspiração para criar uma história na qual as bípedes são heroínas em oposição à maldade humana. Em co-direção com Peter Lord, ele realizou A fuga das galinhas (Chicken run, Estados Unidos, 2000) – cartaz nacional na sexta-feira 22 –, fábula criativa e sensível sobre a necessidade de liberdade e o sonho de viver em paz num paraíso.

A fuga das galinhas é o que hoje se convencionou chamar de ação em miniatura. Sob a grife da DreamWorks de Steven Spielberg, em associação com a Pathé, a produtora Aardman – um dos principais estúdios de animação com bonecos do mundo – realizou uma comédia cândida, tendo como enredo o desespero da galinha Ginger em não desistir de fugir do cativeiro e levar consigo todas as suas colegas. Elas habitam a granja do casal Tweedy. Lá, penosa que não bota sua cota diária de ovos inclementemente vai para a panela. Só que a maldosa senhora Tweedy não se contenta com a venda de ovos. Quer ampliar seus lucros e instala uma máquina de fazer torta de galinhas. É quando o desespero se instala no galinheiro. Mas nem tudo está perdido. A visita inesperada do galo Rocky, um bon vivant individualista que acaba aprendendo o conceito de solidariedade, pode render a ajuda necessária à custa de muita ação e sufoco. Com um sofisticado processo de computação que não tirou o intencional caráter ingênuo do filme, A fuga das galinhas promete divertir crianças e deixar os adultos pensando duas vezes antes de devorar uma delas.