Razões não faltam para o Brasil virar a grande moda na França este ano. E não será por causa do passo seguro de top models em desfiles de alta-costura, mas através de 400 eventos artísticos, refletindo a enorme diversidade cultural que passou a ser a marca do País. A festa, sob o tema Brasil, Brasis, vai durar até dezembro e começou no dia 3, em Nantes, com a exposição do gaúcho Iberê Camargo, um dos mais importantes pintores brasileiros do século XX. Prosseguiu na semana passada em Paris, com a abertura das mostras da artista plás-
tica Adriana Varejão, estrela da ala contemporânea, e do mestre Cícero Dias, com obras da fase inicial de sua carreira, feitas entre 1920 e 1930, antes de sua mudança para a capital francesa. A música popular também faz parte do gigantesco painel multidisciplinar que o Brasil vai mostrar aos franceses e ao mundo. No sábado 19, teve início uma série de concertos de MPB na Cidade da Música, em Paris, com destaque para Maria Rita, Marcelo D2 e Dudu Nobre. Na semana seguinte, será a vez de Tom Zé, Yamandú Costa e a Velha Guarda da Portela. A arte indígena ocupará as nobres salas das Galerias Nacionais do Grand Palais, em Paris, a partir de 23 de março até 27 de junho. No mesmo dia 23, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, vai participar como principal debatedor do Colóquio Brasil: a Diversidade como Identidade, no prestigiado e influente Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Os eventos programados incluirão, além da música popular e erudita e das artes plásticas, teatro, cinema, literatura, fotografia, arquitetura, dança, vídeo, música eletrônica, gastronomia, política, sociologia e outras manifestações. “O Ano do Brasil na França pretende mostrar que nosso País vai muito além do samba, futebol e carnaval. O foco será nossa diversidade cultural, a verdadeira identidade nacional”, afirma Márcio Meira, secretário de Articulação do Ministério da Cultura e um dos comissários brasileiros responsáveis pelo planejamento, organização e execução do Ano Brasil na França, junto com o comissário-geral André Midani e o embaixador Edgar Teles Ribeiro, pelo Itamaraty. Meira destaca que o governo investiu R$ 40 milhões na preparação de Brasil, Brasis, captando recursos através da Lei Rouanet em empresas estatais e privadas. “Só para ter uma idéia de como esse investimento será rentável, as lojas Primtemps compraram, em janeiro, produtos brasileiros no valor de 40 milhões de euros. E a rede de supermercados Casino já adquiriu, este ano, mais 70 milhões de euros, estimulada pelo Ano Brasil na França”, destaca.

Márcio Meira garante que o Brasil vai sair lucrando nos campos cultural, econômico e político, com a grande exposição que a imagem do País vai ter ao longo do ano. O País também será convidado de honra na festa do 14 de julho, aniversário da Revolução Francesa – a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está confirmada. Tudo isso poderá também representar novos visitantes para o Brasil. Os franceses estimam que o fluxo turístico para seu país, este ano, fique em torno de 75 milhões de pessoas. Boa parte desse total, de alguma forma, terá acesso aos eventos integrantes do Brasil, Brasis. Se gostarem, terão tudo para engrossar a corrente de turistas para cá, no verão de 2005/2006.