Numa ação de bastidor com claras digitais do Palácio do Planalto e do ex-presidente Lula, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acabou rifado pelo PT na última semana. Em uma votação rápida, a CPI da Petrobras aprovou na quinta-feira 9 a convocação de Cardozo para prestar depoimento ao colegiado. O acordo que possibilitou a aprovação da ida do ministro da Justiça à CPI passou pelo relator da CPI, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) que não agiu sem antes combinar com os russos – leia-se o Planalto e o ex-presidente Lula.

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Ao Planalto, o acerto foi conveniente, pois poupou constrangimentos maiores aos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva. Ambos estavam na iminência de serem chamados para depor, mas saíram da lista em troca do depoimento de Cardozo. Na mesma operação quem também se safou foi o ex-ministro José Dirceu. A possibilidade de ser aprovado o requerimento de sua convocação, se fosse posto em votação, era muito grande, uma vez que o PMDB já tinha mostrado disposição em apoiá-lo. Para Lula, a combinação que incluiu Cardozo entre os depoentes evitou a ida de Paulo Okamotto à CPI, fiel escudeiro e principal assessor no Instituto que leva o nome do ex-presidente.

O chamado do ministro da Justiça atendeu ainda uma ala do PT mais ligada a Lula que tem se queixado bastante, nos últimos dias, da postura de Cardozo em relação ao que chama de “perda de controle das ações da Polícia Federal”. Nos bastidores, alguns petistas tentam minar o ministro e demonstram insatisfação com os chamados “vazamentos seletivos”. Como se percebe, em meio à crise política, o ministro tornou-se o bode expiatório perfeito. A estratégia, no entanto, pode representar um tiro no pé do governo. A oposição quer aproveitar o depoimento do ministro para bombardeá-lo de questionamentos a respeito do esquema de corrupção na Petrobras e sobre seus encontros com advogados de empreiteiras investigadas.