No primeiro trimestre de 2001 deve chegar ao Brasil uma nova vacina para proteger crianças menores de dois anos dos riscos de pneumonias, otites e outras infecções causadas pela bactéria pneumococo. A data foi anunciada durante o 12º Congresso Latino-Americano de Pediatria, realizado há duas semanas no Uruguai. Com a aplicação da injeção, batizada de Prevenar, os mecanismos de defesa do bebê são estimulados a reagir contra o invasor.

Desenvolvida pelo laboratório Wyeth Lederle, a vacina vem demonstrando excelentes resultados nos Estados Unidos, onde a otite causada pelo pneumococo ainda deixa muitas crianças com sequelas, como a redução da capacidade auditiva. Estudo recente com 38 mil bebês mostrou que o produto pode ter 97,4% de eficácia se forem aplicadas as quatro doses recomendadas

Embora não existam pesquisas para a América Latina, já se sabe que pode haver diferença na eficácia. A fórmula da vacina protege contra 80% dos pneumococos mais comuns nos Estados Unidos, inclusive os mais resistentes. Essa abrangência cai para 60% nos países latino-americanos. Por aqui, a forma pneumocócica da doença está entre as principais causas de mortes infantis. “Antes as crianças menores ficavam desprotegidas porque a vacina existente só podia ser aplicada após os dois anos de idade”, afirma a pediatra Lilly Wekx, da Universidade Federal de São Paulo. Calcula-se que uma vacinação ampla diminuiria pela metade a incidência de pneumonia no Brasil.

Qualquer bebê pode tomar a vacina. Principalmente os mais sensíveis à ação do pneumococo. “Fazem parte desse grupo os que ficam em creches, mais expostos ao vírus, os portadores do vírus da aids, de doenças renais e de alterações que debilitam o sistema imunológico”, explica o pediatra José Geraldo Ribeiro, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. O único problema da injeção é o preço: cada dose custará aproximadamente US$ 87. Por enquanto, a Prevenar só estará disponível em clínicas particulares.