Todos os anos é uma correria em busca de novidades para enfeitar o Natal. Felizmente, sugestões, opções e belas idéias não faltam. Neste ano, a procura foi maior por detalhes diferentes, mais simples e brasileiros. Os coordenadores da campanha Adote uma instituição neste Natal, realizada no shopping paulista D&D, deram o primeiro passo em direção a um Natal mais criativo e brasileiro. Lojistas, decoradores e arquitetos bolaram 120 árvores diferentes e exibiram em seus corredores. Em apenas uma semana, elas foram vendidas, com preço variando entre R$ 250 e R$ 1 mil, e a renda foi revertida para crianças carentes. Os trabalhos, entretanto, estarão expostos até domingo 10. Amantes do design se encantaram com a árvore idealizada por Áurea Lima e Sandra Sobona, feita de raladores de queijo. Também não deixaram de elogiar a “árvore” de Neto Porpino: centenas de taças de vinho iluminadas e amarradas com fios de náilon em forma de pinheiro. Bóias de braços infantis cor de laranja, de Simone Tasca, dividiam opiniões com as pombas de Debora Aguiar, as plumas vermelhas, de Leo Shetman, e os bambus revestidos de papel verde com velas, de Ana Lúcia Prestes e Clotilde Figueiredo. Uma infinidade de boas idéias que podem perfeitamente substituir o pinheiro europeu com bolas vermelhas.

Até os comerciantes da rua 25 de Março, em São Paulo, por exemplo, uma espécie de feira de badulaques de todos os tipos, tentaram matar a sede da clientela com enfeites diferentes. Por isso, presépios feitos com bonecos de pano, no estilo rústico, simples, desapareceram das vitrines como mágica. Papais e Mamães Noéis confeccionados artesanalmente, sem pilhas e baterias, também viraram vedetes. Os bons velhinhos de vermelho cantando rock, tocando sax ou surfando ainda fazem a cabeça dos pequenos, sem dúvida. Os adultos, porém, estão cansados das populares luzinhas brancas ou coloridas para iluminar pinheiros e casas. Mesmo porque quem já adquiriu aquelas oferecidas pelos camelôs sabe que algumas delas queimam antes de se distribuírem os presentes. Donos de lojas refinadas, que vendem produtos importados sofisticados, viram-se obrigados a oferecer enfeites menos brilhantes, arrojados, apesar de a moda ditar a cor prata até mesmo na roupa do bom velhinho.

Apostaram e acertaram na mosca com a apresentação de presépios e outros enfeites artesanais brasileiros. Dóris Sadaguerine, dona da loja Relíquia, na Vila Madalena, também em São Paulo, exibe com sucesso um presépio de 16 peças em cerâmica, ornado numa cesta de palha, feito por artesões pernambucanos. Papai Noel estilizado e divertido, feito em papel machê, assinado pela artista plástica Carola Trimano, também empolga, além de guirlandas feitas de flores secas – simples e bonitas. Na loja João e Maria, os presépios – pequenos e delicadíssimos – confeccionados em barro por artesões de Taubaté, interior de São Paulo, também fazem sucesso. Se o comércio especializado está abrindo o leque e aderindo à leveza artesanal, isso é um bom de que um dia o Natal pode voltar a ser mais uma festa de confraternização.


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