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Em tempos de Jogos Pan- Americanos o Brasil encerrou a semana com uma vitória às avessas. Perdeu o título de líder mundial de juros para a Turquia após a decisão do Conselho Monetário Nacional de reduzir a Selic em meio ponto porcentual para 11,5% ao ano, em reunião realizada na quinta-feira 19. A decisão não foi unânime, mas foi suficiente para o País cravar o recorde de menor taxa da sua história. Com o corte, os juros reais caíram para 7,7% ao ano, enquanto na Turquia o índice é de 8,2%. As grandes entidades empresariais e o mercado financeiro ficaram satisfeitos e estimam que até o fim do ano o Banco Central realize mais dois cortes. Ao final de dezembro os juros nominais no Brasil ficarão, então, em 10,5%. Mas, depois de fazer conta para um lado, ouvir análises para outro, ainda resta uma pergunta: o País passou a faixa de campeão de juros para a Turquia, mas e daí? Para o consumidor final, as conseqüências começaram a aparecer imediatamente. Clientes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco que pediram um empréstimo ou precisaram recorrer ao cheque especial na sexta-feira pagaram menos juros do que quem fez a mesma operação um dia antes. Além disso, com a redução da Selic, a renda da população melhora, o crédito fica mais acessível e o poder de consumo aumenta.

Para os economistas, uma outra vantagem do corte dos juros é o impacto que ele tem no crescimento do País. “Com juros menores, a economia fica aquecida e o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer acima do estimado”, explica a economista chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli. “Uma das conseqüências será o aumento do nível de emprego e a melhora da confiança da população.” Sem medo de perder o emprego, muitos brasileiros vão ao mercado e aproveitam as taxas atrativas para comprar automóveis, casas ou mesmo celulares e eletroeletrônicos. Pelas estimativas da economista, o País deve crescer acima dos 4,5% neste ano e o crédito acima dos 20%. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), reforça a importância dos cortes graduais. “Essa seqüência de cortes na taxa de juros está demonstrando que há intenção do governo em abandonar o conservadorismo e, coerente com o que tem dito, ter como meta o porcentual de 10% para fechar este ano”, afirmou. É o verdadeiro ciclo virtuoso que traz boas notícias para a economia e também para a população do País.

“COM TAXAS MENORES, O NÍVEL DE EMPREGO AUMENTA E O CONSUMIDOR FICA MAIS CONFIANTE” Maristella Ansanelli, economista chefe do Banco Fibra