As jovens notívagos estão cansados da mesmice das discotecas. As casas noturnas com pista de dança, globo estroboscópico e espelhos nas paredes estão perdendo espaço para boates e bares criativos e versáteis que prometem dominar a vida noturna em 2001. Para conquistar um público que enjoa das baladas com uma rapidez impressionante, vale tudo. Seguindo a tendência dos clubes malucos de Londres e Nova York, camas, criados-mudos e mesas coletivas são algumas das novidades que passaram a decorar os bares da noite carioca e paulista. Na terra da garoa, as baladas que prometem virar febre no ano que vem soam menos extravagantes. O público descolado passa a frequentar clubes sem muita frescura, feitos para pequenos grupos e com ambientes aconchegantes.

No Rio, os bares que adotaram a cama já estão fazendo sucesso, como o The bed room (o quarto, em inglês). A casa é decorada como um dormitório, com 22 camas king size, mesas-de-cabeceira e travesseiros. Para que ninguém caia no sono, já que todos chegam de madrugada, DJs tocam rock, funk e dance. O dono, Maurício Saade, importou a novidade de Londres, com adaptações: os móveis são iluminados, dispostos longe dos cantos e vigiados por seguranças. “Aqui não é lugar de sacanagem”, explica Saade. A cama substitui as mesas – tem até espaço para bandeja e bebidas –, mas todos requebram mesmo é na pista de dança. A modelo Vanessa de Oliveira, o marido George Fauci e o casal Chico Peltier e Tábata Queiroz acharam a casa “bárbara e divertida”.

Esse espírito de entrosamento também determina o sucesso do 00 (zero-zero), no Planetário da Gávea. Com um público formado por profissionais de cinema, da publicidade, da moda, além dos mudernos, é o primeiro bar da cidade a ter mesas comunitárias. Ali a noite começa com uma sessão de paquera no bar ao ar livre e termina com um animado jantar no restaurante coberto – na mesa gigante, claro. Para completar o ambiente, a cozinha oferece opções inusitadas, como banana-da-terra crocante e sopa gelada de melão.

Em São Paulo, a onda é mais intimista. Quem passa em frente ao Club Jive, na região dos Jardins, nem percebe que está diante de uma das casas mais promissoras da cidade. A portinha discreta sob o toldo vermelho esconde o “inferninho” que agita as noites de sexta e sábado ao som de muito samba-rock, jazz, black music e música eletrônica. A casa comporta 400 pessoas e lota nos finais de semana. Entre seus bancos de madeira, mesa de snooker, sofás e a pequena pista de dança com quatro metros quadrados, circulam jovens, de publicitários e jornalistas a cybermanos. O preço é acessível: R$ 10 de consumação.

Já na Disco, a casa noturna mais badalada do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, ninguém termina a noite sem gastar ao menos R$ 50. Com capacidade para no máximo 250 pessoas, o lugar se projetou justamente por seu caráter exclusivista. Na entrada, quem não estiver muito bem arrumado e no auge de sua boa aparência é barrado. A consumação mínima para mulheres é de R$ 30. Uma cerveja custa R$ 7. Na opinião dos frequentadores, tudo isso é bom para depurar o ambiente para patricinhas clubbers, que não têm muitas opções além das grandes discotecas-templos de dance music.