Deste verão, as mulheres estão cobertas de brilhos e cores fortes, mas a tendência para o próximo ano é de uma moda mais variada. Os desfiles de Milão, Nova York e Londres, que ditam o que se vai usar no mundo daqui a alguns meses, resgataram elementos que vão da nostalgia dos anos 40 à rebeldia dos anos 80. É como se a moda do século todo estivesse à disposição nas vitrines para cada pessoa escolher o estilo de que mais gosta. Voltam a minissaia, as blusas de um ombro só, os microshorts e as saias pregueadas. Acessórios como cintos largos, sandálias plataforma e sapatos de plástico não vão faltar. Com tantas opções, não fará sentido julgar o que está ou não na moda: cada mulher criará a sua.

Nélson Alvarenga, estilista da grife paulistana Ellus, explica que a moda do próximo milênio já nasce permissiva e aberta a ousadias. “Fora aquele uniforme jeans e camiseta, que vai continuar em alta, as outras tendências podem ser adequadas à personalidade de cada mulher”, diz. O estilista, que hoje comanda uma das grifes que mais crescem no País e se espelha nas confecções européias para ditar tendências. Assim como a italiana Miu-Miu, a facção jovem da Prada, Alvarenga, para o inverno de 2001, aposta na moda colegial, com saias de pregas e blusas de malha, que deixam a mulher com um ar meio sapeca.

No inverno, o preto continuará imbatível ao lado do vinho, do azul-escuro e do verde. Na estação do calor, a opção deverá ser pelo cinza, o amarelo, o pink e o vermelho. Estampas florais e grafismos variados ilustram de vestidos de noite a camisas masculinas, conferindo um ar de despojamento. “As pessoas querem arejar o guarda-roupa e se vestir no dia-a-dia como se estivessem de férias”, afirma a consultora de moda Regina Guerreiro, do site Bureau de Estilo, do portal Texlinea.

Dentro desse espírito, na primavera e no verão as mulheres vão aparecer de pernas de fora. Vale abusar da minissaia, que volta soberana depois de ter completado 40 anos, e de shortinhos de vários tamanhos, repletos de pregas e bolsos. Para dar um ar mais urbano, camisetas coladas ao corpo ou camisas de seda, que deixam a lingerie à mostra.

Ao contrário de algumas previsões, no século XXI ninguém vai andar na rua vestido de astronauta. “A tecnologia aparece na combinação de materiais e tecidos, que imitam fibras naturais com a vantagem de oferecer mais durabilidade e conforto”, explica o estilista Fause Haten. Há desde lingeries feitas de tecidos antibactericidas até malhas de tricô mesclado com metais, passando por fios de náilon que imitam algodão e pelo novo cotton-coaching, que protege contra o vento e a chuva, mas é permeável o suficiente para permitir a transpiração. “Não é uma roupa ‘Jornada nas estrelas’, mas é moderna”, completa Haten. 

 

 

O pretinho básico dos homens

Para o terror dos que apostavam num 2001 futurista, a grande febre da indústria da moda masculina é a volta do terno. Obrigatórios no guarda-roupa há mais de 100 anos, o paletó e a gravata continuam modernos. Com ambientes de trabalho cada vez mais informais, os homens passaram a usar seus Armanis pretos à noite (foto). Só que de um jeito fashion: paletós bem justos no corpo, calças sem pregas e camisas de fios tecnológicos. Esses tecidos imitam fibras naturais, amassam menos e têm melhor caimento. O senso de humor está em alta, e para que os bonitões virem a atração das festas vale combinar listrado com xadrez, blazer com calça de náilon e até paletó com bermuda e camisa florida. O estilista Ricardo Almeida, de São Paulo, diz que, mesmo com essas maluquices, o terno permanece em alta porque está ligado ao poder. “Ninguém fica tão elegante usando jeans, por exemplo. O traje formal impressiona qualquer mulher.”