Quem tem de tomar um remédio todos os dias sabe como é difícil criar o hábito. E, às vezes, depois de criá-lo, ele se torna algo tão repetitivo que, mesmo tendo tomado a pílula, depois de sair de casa fica a dúvida se ele foi mesmo ingerido. Justamente para aliviar a vida dos pacientes de depressão, obrigados a tomar medicamentos diariamente, o laboratório Eli Lilly desenvolveu o Prozac Durapac, uma nova versão do antidepressivo que deve ser tomada apenas uma vez por semana. A droga, primeira do gênero, já está sendo usada nos Estados Unidos e deve ser liberada em breve no Brasil.

O segredo do novo medicamento não está na fórmula em si, mas na cápsula especial que envolve as substâncias ativas. Ela foi programada para se romper no estômago, de maneira a liberar aos poucos o princípio ativo. Dessa forma, a absorção da substância pelo organismo ocorre gradativamente durante a semana. O novo comprimido tem 80 mg de princípio ativo, enquanto o diário tem apenas 20 mg. “Mas isso não significa que tomar quatro pílulas da antiga versão de uma vez tenha o mesmo efeito. Pelo contrário. A cápsula normal se rompe logo que chega ao estômago e o órgão já absorve a medicação. O novo DuraPac só é absorvido por completo quando já está no intestino delgado”, ensina o psiquiatra carioca Olavo de Campos Pinto. Ele já vem utilizando a nova droga desde que foi lançada (alguns de seu pacientes importam o remédio dos EUA). As duas grandes vantagens da nova fórmula são o efeito psicológico e a adesão ao tratamento. “Tomar um antidepressivo todos os dias faz o paciente relembrar que ele não está bem. Semanalmente é mais tranquilo. Além disso, com a pílula semanal fica mais fácil para as pessoas seguirem o tratamento mesmo depois da melhora inicial, período em que muitos abandonam o tratamento”, explica o professor José Alberto Del Porto, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.

Apesar das vantagens, os médicos recomendam que, no começo, o tratamento seja feito com o Prozac convencional, para que seja mais fácil descobrir qual a dosagem necessária para cada paciente. “Alguns doentes precisam de doses até maiores do que 20 mg diárias”, afirma Del Porto. “Substituo a dose diária pela semanal quando vejo que o paciente está mais estável”, garante Pinto.