Quem nunca ouviu falar que botar um galhinho de arruda atrás da orelha ajuda a afastar o mau-olhado e a inveja? Ou que manter dentro de casa uma muda da famosa planta comigo-ninguém-pode ou de espada-de-são-jorge deixa o ambiente protegido contra maus fluidos? São superstições que acabam funcionando no imaginário popular. Na dúvida, ninguém arrisca e garante o seu galhinho. O que não se pode negar é que as plantas têm realmente seu valor medicinal. E há quem diga que, só com a sua presença, bromélias, margaridas, azaléias, orquídeas e até cactos alteram a vida das pessoas. Não só embelezam e harmonizam ambientes como combatem males como o stress, o mau humor, a solidão, a timidez e até a falta de apetite sexual. Ambientes criados especialmente para favorecer essa influência foram mostrados na exposição Sensação, organizada pelo Shopping D&D, de São Paulo, de 18 a 28 deste mês. Em plena primavera e orientados pela terapeuta floral Dora Bentes, cerca de 20 paisagistas usaram sua técnica para criar jardins, varandas e espaços sociais para quem quer ficar de bem com a vida.

De acordo com Dora, as flores influenciam o comportamento das pessoas porque possuem vibrações próprias. “Todo ser vivo tem um campo eletromagnético ao redor de si. Quando dois seres se encontram, há uma troca de energia. No caso das flores, a vibração é sempre positiva, colocando em ordem os núcleos energéticos em desequilíbrio no ser humano”, explica. O arquiteto e paisagista Fábio Morozini, por exemplo, queria criar um espaço propício à leitura numa sala. Usou laranjas e flores de laranjeiras em vasos de acrílico e caprichou na iluminação. “As luminárias ovais e as velas também ajudaram a dar um ar tranquilo e aconchegante”, explica Morozini. Segundo a terapeuta, essas flores são ideais para um canto onde se praticar atividade intelectual e reflexão porque são extremamente relaxantes, mas não causam sonolência (leia quadro). Também servem para situações de muita emoção. “Não é à toa que são as preferidas para o buquê das noivas. Elas aliviam o stress e a ansiedade”, explica ela.

Já para equilibrar o apetite sexual, Dora recomenda espalhar lírios pela casa. Segundo ela, o poder terapêutico dessas flores atua em distúrbios sexuais para menos e para mais. Ou seja, acalma os mais afoitos e desperta a libido em baixa. Já influenciada pela teoria, a paisagista Sandra Martinelli fez o seu próprio jardim do éden, cheio de ninfas, casais de ferro retorcido e, claro, lírios purificantes. “São esculturas que retratam momentos íntimos. Esse espaço pode ser adaptado em qualquer parte da casa”, esclarece a paisagista. Uma dica: os lírios devem ser colocados em lugares onde se costuma namorar, com exceção do quarto – no dormitório, nenhuma planta é bem-vinda, porque libera gás carbônico à noite.

Timidez e mau humor também podem ser amenizados com o auxílio da energia floral. Os tímidos devem manter sempre um arranjo de prímula por perto. “A maior dificuldade que essas pessoas sentem é de se expressar. A prímula ajuda a superar isso”, afirma ela. Já os mal-humorados devem buscar auxílio em plantas como o bálsamo e a alfazema. O efeito tranquilizador dessas espécies ajuda a transformar o humor.

Todo esse conceito de terapia alternativa está fundamentado na teoria do médico inglês Edward Bach, que na década de 30 identificou 37 essências de flores e uma de água de rocha capazes de agir positivamente sobre os sentimentos humanos e ajudar no reequilíbrio dos corpos. Além do sistema de florais de Bach, já há registro de pelo menos outros 50 sistemas de florais em todo o mundo.